Vistas Modernas Judaicas de Jesus

Vistas Modernas Judaicas de Jesus

John T. Pawlikowski

A longa história de anti-semitismo na Cristandade, particularmente da Idade Média para dentro

da era moderna culminante no Holocausto, o fez muito difícil para escritores judaicos focalizar em

Jesus e os ensinos deste de modo positivo. Como o dr. Eugene Borowitz, um dos teólogos líderes de

Judaísmo contemporal me contou numa conferência faz alguns anos, estaria sobrecarregado para

encontrar cem judeus interessados numa discussão teológica sobre Jesus.

Apesar do bloqueio emocional que continua existir em muitos círculos judaicos a respeito da

pessoa e mensagem de Jesus, um pequeno número de cientistas judaicos levantou a “questão

Jesus”, se o possa chamar assim, dentro do século passado. Um livro recente de Matthew Hoffman, From

Rebel to Rabbi: Reclaiming Jesus and the Making of Modern Jewish Culture é introdução

excelente ao novo interesse em Jesus que deu superfície plana no Judaísmo primitivo de Reforma e

no movimento da identidade cultura yídiche (muitas vezes completamente secular na sua orientação)

durante o fim do século dezenove e o começo do vinte.

O aspecto interessante dessa primitiva re-aproximação judaica moderna a Jesus é a sua dimensão

decididamente anticristã. E com alguns escritores. A sua finalidade era “livrar” Jesus das

distorções dele dentro da Cristandade. E com alguns escritores e artistas judaicos do período

(p.ex. Chagall), Jesus foi retratado como carregando em cima de si os sofrimentos do povo judaico

através da história cristã. Havia também uma crença entre alguns desses autores judaicos de

que, apropriando o fundador da Cristandade, claramente a religião dominante na sociedade ocidental,

intensificasse a integração da comunidade judaica naquela sociedade, uma finalidade maior desses

escritores de Reforma Judaica e yídiches. Os seus esforços geraram oposição interna considerável,

particularmente entre judeus ortodoxos e aqueles escritores yídiches que queriam fazer a indagação

para o re-estabelecimento dum estado político na Palestina o ponto focal na procura para uma

identidade judaica moderna.

Esses esforços primitivos de reclamar Jesus e os seus ensinamentos para a comunidade judaica

foram largamente relegados à história em termos do Judaísmo contemporâneo. Olhando a eles

retrospectivamente, tinham impacto tanto positivo como negativo. Alçaram a judaicidade fundamental

de Jesus num tempo quando a maioria dos bibliólogos, seguindo a liderança de exegetas alemães

proeminentes, estava tentando divorciar Jesus de quaisquer vínculos à tradição religiosa

judaica, argüindo que o Judaísmo correra o seu curso com a aparência de Jesus. Esse conhecimento

judaico moderno provocou alguns estudos iniciais considerando Jesus e Judaísmo por alguns poucos

cientistas cristãos pioneiros que eventualmente puseram a fundação para uma revira-volta na

Cristandade sobre esse sujeito, como está evidente nos escritos de muitos bibliólogos hoje, como o

cardeal Carlo Martini SJ, bem como nas Notas do Vaticano sobre a Apresentação de Judeus e Judaísmo

na Catequese e Pregação de 1985, despachadas para celebrar o vigésimo aniversário de Nostra

Aetate do Vaticano II.

A crítica do anti-semitismo, central a esses escritores judaicos “Volta a Jesus como judeu”

iniciou também o processo de desafiar a consciência cristã sobre a história de anti-semitismo

nas Igrejas. O recém-falecido papa João Paulo II finalmente chamou o anti-semitismo de

“pecado” em vários dos seus escritos.

No lado negativo a rejeição, dentro da comunidade judaica mundial desse esforço moderno

primitivo de re-apropriar o Jesus judaico, faz parte integral de criar uma identidade religiosa e

cultural judaica moderna e de promover integração judaica na sociedade liberal moderna resultava

na remoção da “questão Jesus” da agenda científica judaica e da discussão pública judaica.

O Holocausto jogou também um papel maior a esse respeito. Daí, o comentário do dr. Borowitz a mim

mencionado no início desse ensaio.

Mesmo o documento judaico iniciador sobre Cristandade Dabru Emet (“falando verdade”),

assinado por mais que duzentos cientistas e rábis judaicos, não faz menção nenhuma de Jesus

(texto em português: www.jcrelations > Português > Declarações » Judaicas »

1175). Quando perguntado sobre essa omissão na conferência internacional na universidade de

Cambridge brevemente depois o despacho de Dabru Emet em 2000, um dos seus autores, o dr.

Michael Signer da universidade de Notre Dame respondeu que o tempo ainda não estaria reto para

levantar a “questão Jesus” a partir do lado judaico.

Uns poucos cientistas judaicos estão começando a quebrar a barreira de silêncio a respeito de

Jesus que persistiu durante um meio século ou mais. Géza Vermes da universidade de Oxford produziu

uma trilogia de livros escritos num estilo popular, mostrando as raízes judaicas dos ensinamentos

de Jesus nos Evangelhos. A religião de Jesus o judeu é o volume mais recente nessa

trilogia. Uma biblióloga americana, Arny-Jill Levine, produziu um livro em que descreve Jesus como

judeu falando a judeus e iniciando um movimento de reforma dentro do mundo amplo de Judaísmo, antes

de uma comunidade religiosa completamente nova.

Vários cientistas judaicos foram além do assunto do contexto judaico dos ensinamentos de Jesus

a uma pensativa avaliação das dimensões teológicas da cristologia que se desenvolveu a partir

desses ensinamentos. Num volume novo desafiador, Abrindo a Aliança. Uma Teologia Judaica da

Cristandade, o dr. Michael Kogan argúi que judeus precisam ver a tradição cristológica que

cresceu ao redor de Jesus como aprovação autêntica do mistério absoluto e incompreensível da

presença de Deus ao longo da aprovação judaica igualmente autêntica daquela presença divina. E

o dr. Elliot Wolfson explorou ligações possíveis entre cristologia encarnacional e ênfase

encarnacional que vê em alguns textos judaicos místicos do mesmo período.

Outros cientistas judaicos, como o teólogo ortodoxo Irving Greenberg, um dos cientistas judaicos

mais criativos no diálogo durante os anos em que estava na vanguarda do pensar judaico novo sobre

Jesus e Cristianismo, fala de Jesus como “um messias falhado”, mas não de um “messias

falso”. Nos seus olhos, moisés também era um “messias falhado”. A primeira vista, usando o

termo “messias falhado” possa soar completamente negativo para ouvidos cristãos. Mas Greenberg,

ao longo com o dr. Byron Sherwin do Spertus Institute o Jewish Studies de Chicago que se junta a

Greenberg usando esse termo com referência a Jesus, entendendo-o como avaliação muito positiva da

obra de Jesus. Como o vêem, é que Jesus fez muito para promover o integral da visão messiânica

ao Judaísmo, mesmo que não podia inaugurar a era messiânica plena dentro do tempo curto da sua

vida. Tal perspectiva está atualmente de jeito nenhum aquela longe da linguagem cristã de “já,

mas ainda não” usada muitas vezes hoje no descrever a inauguração por Jesus do reino messiânico.

O movimento final considerando a “questão Jesus” no Judaísmo envolve o re-exame

indiscriminado recente de noções prevalecentes sobre o “separar dos caminhos” entre Judaísmo

e Cristandade. Um número crescente de cientistas cristãos e judaicos (p.ex. Daniel Boyarin) está

apresentando o relacionamento entre Igreja e Sinagoga numa luz inteiramente nova. Nessa perspectiva,

Jesus e grande parte da Igreja (talvez a maioria) permaneciam plenamente integrados dentro de um

ambiente judaico por vários séculos. Até “veneração de Cristo” não está sendo vista com

totalmente antitética a pertença continuada na tenda então muito larga da comunidade judaica.

Nessa perspectiva encontrada em livros recentes como Os Caminhos que Nunca se Separaram (ed.s

Adam H. Becker e Anette Yoshiko Reed) e Cristandade Judaica Reconsiderada: Repensando Grupos e

Textos Antigos (ed. Matt Jackson-McCabe), Jesus com um setor significante da comunidade cristã

primitiva ficaram plenamente ligados ao Judaísmo. Para cientistas judaicos dentro desse grupo novo

de cientistas, Jesus chega a ser líder judaico importante, advogando reforma ao longo com outros líderes

judaicos proeminentes no seu dia.

A “questão Jesus” está definitivamente fazendo uma volta na agenda em certos círculos

judaicos, muito mais que isso havia até faz uma década. A procura judaica nova por Jesus, no

entanto, está agora sendo feita muito mais em colaboração com a ciência cristã do que o era o

caso no fim do século dezenove e no inicio do século vinte. Aonde vai conduzir fica questão

aberta.


Tradução: Pedro von Werden SJ 

Texto inglês: Modern Jewish Views of Jesustop