Israel e os povos
O profeta Zacarias
Markus van Loopik
Registração temporal
O profeta ZEKARYóH [Zacarias], autor de um dos últimos livros proféticos na Tenak, era
contemporâneo e sucessor do profeta HaGaI [Ageu]. Segundo EZRA [Esdras] 5,1 e 6,14,
era o filho do sacerdote IDO [Ado], o qual no tempo do prefeito ZeRuBòBéL
[Zorobabel] e do sumo sacerdote Yehoshua sucedeu o seu pai como sacerdote (Ne 12,16). A mensagem de ZEKARYóH
concentra-se na reconstrução de Jerusalém e do Templo, este que no ano 516 aC [antes da contagem
de tempo] foi finalmente terminado.1 (cf. Zc 1,16; 2,1-5.11-13; 6,15; 8,3).
Exatamente como HaGaI, ZEKARYóH se empenhou cheio de fogo para a reconstrução do
Santuário: “Este povo diz: O tempo ainda não veio para construir a casa do Eterno” (Ag 1,2).
Segundo a opinião dos dois deles, a reinstalação da Casa de Deus representava a condição
para a vinda do Reino Régio de Deus. O processo da construção do Templo ficara parado por cerca
de 20 anos, como conseqüência do medo e da falta na capacidade de impor dos exilados voltados, os
quais inicialmente tinham mais interesse pela sua segurança própria e pela construção dos muros
da cidade do que para a reconstrução do Templo.
Reconhecemos nesse livro o tempo agitado das partes depois do seu retorno. No entanto, o profeta
quase não discute com os povos ao redor, os quais trabalhavam contra a reconstrução do Templo,
ameaçando os retornados na sua existência nua. Entre as linhas somos testemunhas duma rachadura
definitiva entre o Judá judaico no sul e da comunidade samaritana no norte, ambos intrincados numa
luta religiosa e cultural. Ficou uma ferida que nunca sarou.
Brevemente depois da reassunção do trabalho no Templo, ZEKARYóH apóia a iniciativa de HaGaI.
O acabamento aproximante do Templo deixa nele o fogo de expectativa messiânica arder altamente.
Um livro, um profeta?
Os primeiros seis capítulos visionários do livro ZEKARYóH testemunham dum entusiasmo
utópico, o qual é tão característico para esse profeta. Antes de tudo, nessa parte percebemos
como ZEKARYóH apresenta a transição da profecia à apocalíptica. As visões estranhas
cheias de linguagem simbólica têm de ser, também para o profeta, explicadas por um assim chamado MaDRIK,
um guia celeste, o qual faz transparente o significado metafórico da visão. Esse fenômeno
tipicamente apocalíptico nos lembra do livro Daniel o qual, na tradição rabínica, já não está
mais contado aos profetas.
Em círculos acadêmicos, domina a opinião de que o livro ZEKARYóH conste, assim como YeSha`YóHU
[Isaias], de duas partes. Segundo isso, os capítulos 9 – 14, com as suas imagens
incompreensíveis e utópicas, originar-se-iam de um autor outro que aquele dos primeiros oito
capítulos. De fato encontramos na última parte elementos e indicações, os quais apontam a um
tempo mais posterior. Pelo ângulo de ver da interpretação da Bíblia rabínica, diferenças desse
jeito da crítica de texto, apesar disso, não têm importância essencial. Ali são somente
determinantes dum conexo de redação final do todo para a interpretação das diferentes partes.
Também no livro ZEKARYóH, falas de ameaça e profecias de salvação se juntam
razoavelmente. Não há motivo na base do conteúdo para separar o livro.
Os profetas cumprem uma tarefa dupla. Com palavras ameaçadoras exortam os ateístas, consolam os
dispostos à arrependimento com promissões messiânicas. Muito mais agudamente que HaGaI, ZEKARYóH
exorta para um despertar. Nos seus sermões, intervêm a favor de forasteiros, viúvas e órfãos
dentro da comunidade. Assim como muitos outros profetas, põe ética acima do ritual.
ZEKARYóH 14
Nessa conferência, me quero restringir a um assunto principal e ao fio vermelho no livro ZEKARYóH:
a relação entre Israel e os povos. Depois duma interpretação breve do capítulo último e 14,
aprofundarei mais o assunto “Israel e os povos”, apresentando-o numa margem mais ampla da
tradição rabínica.
A imagem de futuro em ZEKARYóH 14 é mais que uma exortação profética, na qual a
comunidade tem de escolher entre remuneração e punição. A imagem final respira a esfera duma
profecia inevitável, o que reforça as tendências apocalípticas no livro. ZEKARYóH prediz
como o Eterno vai completar o Seu plano insondável de catástrofe e salvação no fim dos dias. O
profeta descreve o que os rabinos chamam de hevyeh yene há-mashiah, as dores de parto do
tempo messiânico. Pouco tempo antes da vinda do reinado de Deus, todos os povos, segundo o plano de
Deus, se voltarão contra Israel. A situação vai ter o aspecto de desespero completo, mas então
Deus inverterá os papeis, mudando a opressão de Israel em triunfo.
Esse processo doloroso está tão necessário como as dores duma mulher que precedem o nascimento
de uma criança. Assim o rábi Shimon bar Yochai ensinou que a três dons divinos cada vez
precederá um período de sofrimento: ao dom da Toráh, à tomada da terra prometida e à vinda do
mundo futuro.
A Toráh só podia ser dada depois um período de deserto cheio de privação e sofrimento numa
situação de completa dependência do Eterno.
A tomada da terra andava de novo com provações e luta. A geração velha precisava desaparecer
primeiro, para possibilitar um começo plenamente novo.
Assim também a vinda do Reinado de Deus será possível somente depois de um período de pena e
dor, no qual Israel, circundado por inimigos, está completamente dependente da ajuda de Deus.2
A visão de futuro em ZEKARYóH 14 está carregada pela noção da conversão de Israel, a
qual outra vez iniciará a conversão dos povos. Conversão é aqui, não tanto a condição
profética, quanto antes uma certeza apocalíptica. Percebemos aqui a profundeza verdadeira da frase
talmúdica: “O Santo, louvado seja Ele, lhes faz surgir um rei, cujos regulamentos são duros como
os de Haman. A seguir, Israel faz conversão, e os leva de volta ao bom” (bSanhedrin 97b3).3
Forçada pela situação, toda a humanidade chegará com Israel a entendimento A catástrofe
está tão segura como a salvação, esta que seguirá àquela: “A metade da cidade sairá em
cativeiro, mas o restante do povo não será exterminado da cidade.” (14,2). Também os povos
serão punidos, os restantes, porém, subirão, junto com Israel, a Jerusalém para servir ao
Eterno.
Mudança
Na sua previsão ao “Dia do Eterno”, o profeta se dirige diretamente à cidade de Jerusalém:
“Vê, um dia chegará para o Eterno em que distribuem no teu meio o teu saqueado!” (14,1). A
tensão apocalíptica entre catástrofe e liberação encontramos refletida nas interpretações
muito divergentes dessas palavras de introdução.
Segundo uma explicação na palma da mão, os saqueadores de Jerusalém se acham tão seguros da
vitória final que com toda a calma distribuem a sua presa no meio da cidade santa.
Em 14,4, o profeta prevê que então serão exatamente os habitantes de Jerusalém, que
coletarão as riquezas dos povos dentro dos muros da sua cidade.
O targum4 (tradução aramaica) que quer antes de tudo encorajar a comunidade, não espera
até essa mudança apocalíptica nos acontecimentos. O tradutor do targum, já na tradução
do primeiro versículo, antecipa a mudança favorável no destino de Israel, traduzindo: “E a casa
de Israel distribuirá as possessões dos povos no teu meio, oh Jerusalém!” O maldiçoamento se
mudará para uma bênção: “Assim como éreis uma maldição entre os povos, casa Judá e casa
Israel, salvar-vos-ei, e sereis uma bênção” (8,13).
A despeito da decomposição acadêmica da crítica de texto, está chegando a ser evidente
sempre mais uma vez a sua unidade redacional e de conteúdo! Segundo o decreto insondável de Deus,
os povos vão primeiro a Jerusalém para o combate: “Juntarei todos os povos contra Jerusalém”
(14,2; cf. 12,3). A Cidade Santa será devastada e saqueada, a metade dos seus habitantes, porém,
fica.
A última afirmação representa uma pequena indicação à mudança salvífica futura. Pois, de
imprevisto, o Eterno Mesmo aparece no campo da batalha, fazendo as contas com os inimigos de Israel:
“Então o Eterno sairá lutando contra aquelas nações como no dia da Sua luta, no dia do
encontro” (14,3).
O que é que profeta quer dizer com “como no dia do combate, o dia do encontro”? Segundo a
tradução do targum e da maioria das traduções, refere-se com isso no dia em que Deus
salvou Israel, junto ao mar dos juncos, da mão de faraô5 (cf. Ex 14,25ss.; 15,3ss.). “O
dia” perto do mar dos juncos representa uma pré-figuração do “Dia do Eterno” e da
liberação messiânica. Também então se tratará, não duma luta comum, mas sim de um encontro
pessoal (qerab) entre os inimigos de Israel e o Próprio Eterno. Assim como o Eterno, no
passado, fendeu o mar dos juncos para abrir a Israel uma saída, assim fenderá o monte das
oliveiras, por meio de um terremoto, em duas partes (14,4). Nascerá um vale do leste ao oeste, pelo
que Israel, diferentemente dos seus inimigos, escapará do extermínio por essa catástrofe natural:
“E fugireis para dentro do vale do Meu monte” (14,5).
O targum lê as consoantes do hebraico aqui num modo diferente, não NaÇTeM
(fugireis), mas sim NiÇTaM (será preenchido ou fechado). Lemos então “e o vale do Meu
monte será fechado (enchido)”.
Segundo Rashi, podemos isso entender como uma explicação de conteúdo. Quando no Monte de
Oliveiras nasce uma fenda do leste ao oeste, e as partes norte e sul do monte se afastam, o vale
anterior ao redor do monte será enchido pelo deslocamento das duas metades do monte.
Mas será que o targum tenha em vista uma explicação de conteúdo? Sem dúvida quer
mais. A tradução aramaica sublinha mais uma vez especialmente a convergência com o milagre no Mar
de Juncos. Como no Mar de Juncos, o caminho de fuga de Israel será fechado para os seus
perseguidores. Talvez os inimigos de Israel serão enterrados por um mar de terra [solo]. Israel
fugirá à planície , assim como no grande terremoto no tempo do rei Usias (14,5)6 (cf. Amos 3,1).
Num momento movido e elevado, o profeta parece esquecer a sua audiência. Abandona a sua
apresentação descrevedora do futuro, dirigindo-se no seu testemunho pessoal a Deus: “Então o
Eterno, meu Deus, virá, todos os santos conTigo” (14,5). O exército celeste entrará em
Jerusalém, para assistir “ao restante de Israel” na luta contra os seus sitiantes. A salvação
futura será ainda mais milagrosa que o êxito de Egito. “Embora o Dia do Eterno tenha um
precursor na história, será um dia sem par” (14,7). Só Deus conhece o momento escondido, QetS
HaYòMIM – o momento definitivo da salvação, motivo tipicamente apocalíptico com subtom
profético. Exatamente porque o momento não está conhecido, a pessoa humana precisa preparar-se
cada dia de novo para ele.
Os mistérios últimos ficam ocultos nas palavras do profeta: “E acontecerá naquele dia, que
não haverá luz, nevoeiro pesado e nuvens escuras” (14,6) YeQòRÔT (nevoeiros) de YòQóR
(ser pesado).7 VeQiPó´ÔN (no lugar de YeQiPó’ ÔN [nublado escuro} de QeF´Ei
{coagular-se}). Assim Rashi interpreta o texto hebraico, que está difícil para ser entendido.
Cf. yeqarôt shel midbar – Névoa densa sobre a planície do deserto. Yalkut Salmos §
730, remetendo a Salmo 37,21).
Remete-nos a uma previsão análoga sobre “o Dia do Eterno” em Is 13,10: “Pois as estrelas
do céu e as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz. O sol chegará a ser escuro no
seu levantar, e a lua não deixará brilhar a sua luz.”
David Kimchi traduz mais ou menos na mesma direção, mas a partir duma contemplação mais
positiva: nesse dia acontecerá que vá haver nem luz clara nem nuvens densas e escuras. Segundo a
opinião dele aparecerá no “Dia do Eterno” uma luz vaga, sem diferença clara entre dia e
noite. As palavras no versículo 7 “nem dia nem noite” parecem confirmar a vista dele. “Nem
dia nem noite” significam a mistura misteriosa de desgraça e liberação, a qual designará o Dia
do Eterno. No fim da tarde, na profundeza mais profunda do desterro, a luz clara da liberação
messiânica irromperá (versículo 3): “No tempo do anoitecer haverá luz.” Assim ensina uma
tradição rabínica que o messias nasce no mesmo momento em que Jerusalém foi devastada (no ano
70).
Numa explicação análoga, também Rashi interpreta “dia e noite” em sentido figurado. O
profeta fala, não dum dia normal de vinte-e-quatro horas, mas sim sobre “o Dia do Eterno”, do
qual os Salmos dizem: “Mil anos são nos Teus olhos como o dia de ontem” (90,4). ZEKARYóH
fala sobre o assim chamado Reino de Mil Anos, no qual a luz do mundo por vir ainda não irrompeu,
mas em que já começou um fim da longa noite da opressão de Israel. Só no fim desses mil anos, a
luz plena do mundo por vir brilhará.
Outros intérpretes entendem “dia e noite” no versículo 7 verbalmente. “Sol e lua, o ritmo
de dia e noite desaparecerão. E acontecerá que não vá haver luz nenhuma, nem a deliciosa luz (YòQóR)
do sol, nem a luz fria (QeF´eY) da lua”.8 Tal modo de ler lembra a promissão do profeta YeSha’YóHU
[Isaias]: “Não o sol te servirá como luz no dia, nem a lua te brilhará como brilho claro,
mas sim o Eterno será a tua luz” (60,19).
A última interpretação se junta excelentemente às benções maravilhosas, as quais ZEKARYóH
agora faz seguir (14,8): “E acontecerá naquele dia, áquas vivas fluirão de Jerusalém etc.”.
A partir de Jerusalém, água acordadora de vida fluirá, fertilizando a terra inteira. Nessa
promissão ouvimos a voz do profeta YOEL [Joel]: “E uma fonte irromperá da casa do Eterno
aguando o vale Shitim” (4,18).
As benções do tempo messiânico são, não fins em si mesmos, mas sim a formação exterior do
Reinado de Deus: “E o Eterno chega as ser rei sobre toda a terra”. Cheio de promissões
escondidas, continua então soando: “Naquele dia, o Eterno será único e o seu nome único”
(14,9). Todos os povos reconhecerão Deus como o único, exclamando o Seu nome somente.
Aqui o livro ZEKARYóH mostra o seu conexo claro. Também em 2,10-11; 8,21-22; 12,3
percebemos como esse motivo universalista surpreendente, o qual eleva Israel acima de todo o
particularismo e sobre toda frustração histórica.
Cura genuína pode acontecer só ali onde cada rancor for superado. Com essa promissão entre
Israel e os povos, a oração Alenu finaliza, oração essa com que serviços sinagogais de
Israel finalizam:
Por isso esperamos a Ti, Eterno nosso Deus, para ver logo o triunfo da Tua gloria, que todos os
horrores desapareçam da terra e os ídolos sejam exterminados, que o mundo seja aperfeiçoado pelo
Reino do Todopoderoso, que as crianças das pessoas humanas invoquem o Teu nome e todos os
malfeitores da terra confessem-se a Ti, que os habitantes do orbe reconheçam e entendam que diante
de Ti cada joelho se deva dobrar e cada língua deva jurar perante de Ti etc.9
A cidade de Jerusalém chegará a ser o coração religioso do mundo. Vasta10 e plenamente
habitada porém, Jerusalém elevar-se-á sobre a terra em redor, de Gewa no extremo norte até
Rimon, perto de Beersheba no extremo sul (cf. Zc 2,6; Ez 18). O ideal profético do Reino de Deus
não é somente um espiritual. Abrange também o anseio do povo de poder viver realmente em direito
e segurança: “E habitar-se-á nela [Jerusalém]” (14,11). Na sua elevação, a cidade será
intangível: “Não haverá mais proscrição [destruição], Jerusalém habitará em paz.”
O juízo sobre os povos
Nessa esfera familiar duma cidade segura, o profeta deixa agora como um trovão descer o martelo
do juízo sobre os inimigos de Israel. “E esse será o tormento com que o Eterno atormentará
todos os povos que marcharem na guerra contra Jerusalém” (14,12). De um a outro momento
perecerão: “A sua carne apodrecerá, enquanto ainda estão de pé, e os seus olhos apodrecerão
nas suas órbitas, na sua boca e língua deles apodrecerá” (14,12). ZEKARYóH pinta imagem
amarga do pânico que se apodera dos inimigos de Israel. Quando alguém quiser pegar a mão do seu
próximo para procurar ou dar ajuda, este o entenderá como ameaça e passa imediatamente à
agressão: “E acontecerá naquele dia, uma grande confusão do Eterno nascera entre eles, assim
que um pegará a mão do outro e a sua mão se levantará contra a mão do seu próximo” (14,13;
cf. 12,4). Os habitantes de Yehuda se vão misturar na luta contra os saqueadores para liberar os
patrícios que ali sobravam (cf. 14,2). “E também Yehuda lutará (em – para) Jerusalém”
(14,14; cf. também 12,6-7). Como agora os papeis estão trocados, os saqueadores de Israel mesmos
chegam a estarem sem recursos (14,14).
Sonho universalista de futuro
Exatamente tão abrupto como ZEKARYóH tomou na mão essa espada de julgamento sobre os
povos, volta a pô-la definitivamente de volta na bainha (14,16). Deixa os povos participarem no
futuro messiânico11 (veja também 2,15). Os sobreviventes entre os povos reconhecerão o Reinado de
Deus e subirão anualmente a Jerusalém para festejar ali junto com Israel a festa dos
Tabernáculos.
Porque a festa dos Tabernáculos? A ÇuKóH, o tabernáculo, é o símbolo da presença
protetora de Deus: “Pois me abrigará no Seu tabernáculo no dia da desgraça; ocultar-me-á no
esconderijo do Seu tabernáculo, levantar-me-á acima duma rocha” (Salmo 27,5). A frase final das
benções depois do Shemá da noite diz: “Que estenda a Sukah de Paz sobre nós e sobre todo o
povo de Israel”.12 Para festa de Sukah, a cabana de folhas, a maioria dos peregrinos foi a
Jerusalém. Como festa de agradecimento pela colheita e como iniciação da oração por chuva (cf.
10.1-2), a festa dos Tabernáculos é significativa para todos os povos. A obrigação de morar em
determinados tempos numa cabana de folhas, vale para cada um. Nenhuma [outra] festa promove tão
fortemente a solidariedade das comunidades. Todas as diferenças de grau e categoria caem na cabana.
Por isso, essa festa é, de modo especial, símbolo para o valor igual de todas as pessoas humanas.
Os povos, porém, que não quiserem junto com Israel e os outros servir aos outros, não terão
parte na bênção da chuva e da colheita boa (14,17).
Só para o Egito espera, neste caso, talvez uma punição especial. É que esse país está sendo
irrigado pelo Nilo e está, por isso, menos dependente de chuva. O Egito aguarda a punição com a
qual os povos já no dia do juízo são atingidos (14,18).
A vida inteira será santificada. Cavalos não devem mais transportar soldados, mas sim
peregrinos nas suas costas, no caminho a Jerusalém. Nas campainhas na sua frente estarão as mesmas
palavras que no frontal do Sumo Sacerdote: “Santo ao Eterno” (14,20)13 (cf. Ex 28,36).
Para os sacrifícios quase inumeráveis de Israel e dos povos, todas as panelas e frigideiras em
Jerusalém e Judá serão procuradas. Comerciantes de animais para sacrifício não mais aparecem
perto do Templo, pois cada possuidor dum animal dará este voluntariamente para o serviço e
sacrifício.
Israel e os povos
Até aqui a interpretação desse capítulo magnífico no fim do livro de ZEKARYóH. Fio
vermelho através desse capítulo é a relação ambivalente entre Israel e os povos. “Aquele é
um herói que sabe fazer um amigo do inimigo”, o Talmude diz. Exatamente esse aspecto é que
confere a esse capítulo final de ZEKARYóH o seu esplendor heróico. Não é um conto de
vitória barato, não um antegosto barato do dia da vingança, mas aqui fala amor sincero pela
humanidade e a esperança de que o bom finalmente vencerá. Com o olhar a esse capítulo pretendo
agora dedicar uma breve contemplação à relação entre Israel e os povos dentro da tradição
rabínica.
Excomungados da comunidade do Eterno
O Tenak descreve o nascimento e o desenvolvimento ulterior do povo judaico. A história de Israel
é como o subir e descer dos anjos na escada no sonho de Jacó. Israel passa por uma história
movimentada e variada. Experiências ficaram de significação que deu decisões para o modo como
ele via a si mesmo e outros povos.
O Eterno embalou Israel no país Egito como um feto no ventre da sua mãe (cf. Salmo 139,13). O
nascimento do povo judaico era traumático. Os israelitas fugiram pela senha estreita pelo mar dos
juncos ao encontro da vida e da liberdade. Além da liberdade, porém, esperava também a luta do
tornar-se adulto. O Egito está gravado na memória coletiva uma como nação sem piedade, na qual a
vida de inúmeros trabalhadores forçados foi sacrificada para os monumentos de cemitério imensos.
O Egito é a “casa de escravos” (bet abadim, Ex 20,2), bastante estranho, mas também “o
Jardim do Eterno” (GaN¯YHVH Gn 13,10). A atitude ambivalente referente ao Egito percebemos
na mistura de respeito e aversão, com a qual Israel olhará o mundo de fora.
Egito e Edom (Esaú) – este os rabinos identificam com Roma – subjugaram e perseguiram Israel
impiedosamente. Israel, apesar disso, não deve retribuir mal por mal, pois como isso desceria esse
“povo de sacerdotes” ao nível desprezível dos seus adversários.
Assim a Toráh nos põe: “Não detestes o edomita, pois é teu irmão!” (Dt 23,8).
Jacó continuava se dirigindo, quando voltou de Labão, a Esaú como “meu irmão”. E Israel
sabe: “O Egípcio não deves detestar, pois estiveste estrangeiro no país dele” (também Dt
23,8).
O povo judaico se deve lembrar das crueldades de Egito, mas não deve retribuir aos seus inimigos
com a mesma moeda: “Da experiência de que éramos, exatamente primeiro, vítima de intolerância,
devemos aprender tolerância. Do fato de que éramos expostos no Egito à práticas mais
grosseiramente imorais, devemos aprender comportamento moral”.14
E apesar das más experiências, a aversão contra Egito ficava limitada. Na vista em esses dois
povos, a Toráh ensina : “Crianças que nasceram deles, podem deles vir na terceira geração
à assembléia do Eterno” (Dt 23,9). Se um egípcio o um edomita se acrescentar a Israel, os
seus netos e netas podem casar com um homem judaico ou com uma mulher judaica, até lá, a primeira
e a segunda geração só podem casar com outros prosélitos.
Recusa radical
No deserto começou por assim dizer o tempo da juventude de Israel. Numa crise “pubertária”
de identidade, o povo tinha saudades à matriz, às fontes de água e panelas de carne do Egito.
Obviamente, o povo também tem lembranças boas da casa egípcia de escravatura! Depois de Ele tinha
liberado Israel contra a própria vontade, o Eterno levou a Sua recém-adquirida noiva ao Sinai sob
o baldaquim de núpcias, onde lhe leu o contrato de núpcias – a Toráh. Santificada ao Eterno,
num casamento sem par ligada a Ele, chegou a ser cada vez mais adulta. Uma série de povos
extremamente hostis cruzava o seu caminho, como p.ex. os amalequitas, os amonitas, os moabitas e os
sete povos canaanitas15 (cf. Dt 7,1ss.). A aversão referente a esses povos é mais radical do que
aquela contra Egito e Edom. Para sempre, a Toráh limita Israel de Amon e Moab: “Um amonita ou
moabita não deve entrar na assembléia do Eterno. Para sempre, porque não vos cediam pão e água
no caminho quando saístes do Egito” (Dt 23,4-5).
Os Egípcios eram inicialmente benévolos ao clã de Jacó. Ódio e opressão só aos poucos
aumentararam. A aversão sentimental cresceu por assim dizer simultaneamente com o tamanho de
Israel. A dureza dos egípcios baseava-se em medo de estranhos e propriomania16 (cf. Ex 1,10;
Flavius Josephus, Antiquitates, II,9). A dureza de coração de Amon e Moab, ao contrário, está
obviamente mais fundamental do que aquela do Egito. A sua inimizade contra Israel é que parece,
como em Amalec,17 sem ter motivo! A sua inospitalidade não era para ser perdoada, porque se
originava de uma indiferença quase natural. Quem estiver disposto à compaixão, nunca deve se
considerar como pertencente a Israel.
Por isso, Israel também não devia misturar-se com os povos canaanitas. Mesma uma aliança com
eles era excluída.18 O israelita se devia manter longe daquelas culturas, para que não pudesse ser
infectado pelo modo inumano e impiedoso de viver delas19 (veja Dt 20,18). O Midrash desenha em
contornos duros: “De cinco coisas Canaã tem dado ordem às suas crianças: amai [somente] uns aos
outros, amai o roubo, amai a impudicícia, odiai os vossos donos e falai nunca a verdade”.20
A exclusão de amalec, Amon, Moab e dos povos canaanitas está, aliás, de importância somente
histórica. Eles não existem mais. Nenhum povo pode ser identificado com eles. A sua recusa não
está então certamente um exemplo da atitude de Israel referente ao mundo de fora em geral.
- Um dia, todos os povos subirão a Jerusalém para, junto com Israel, festejar e louvar o Eterno (cf. Is 2,3 e Zc 14,16).
- O Eterno retifica YONóH [Jonas], porque este se recusa a advertir os não-judaicos habitantes de Nínive. Os 70 marinheiros os quais por ironia, exatamente por causa da sua fuga, aprendem temer o Eterno e Lhe oferecem sacrifícios, estão sendo modelos para a totalidade de todos os povos na terra.
- Todas as pessoas humanas que temem a Deus são irmãos e irmãs.
- Sara disse: “Quem teria a dito: Sara amamenta crianças?” (Gn 21,7). Só YitSHóQ [Isaac] tinha nascido. Sobre quais crianças (plural) então Sara está falando? São segundo o Midrash todas as crianças dos povos cujas mães foram convidadas na festa da circuncisão. Os peitos de Sara parecem ter bastante leite para amamentar todas essas crianças abundantemente. Também as crianças dos povos são que Sara as considera como as suas próprias crianças.21 O Midrash aponta a um parentesco simbólico de todas as pessoas humanas e povos, que querem louvar o criador do céu e da terra.
Cada vida conta
Israel é o povo escolhido por Deus e jóia, am seguia – o povo que é a posse especial
de Deus. Assim como Shabat está posto à parte de outros dias, assim Israel está posto à parte de
todos os povos para como povo de sacerdotes, viver em santidade especial22 (Dt 7,6). Apesar da fé
nesse escolho, os sábios sublinham a igualdade de valor de todas as pessoas humanas. Todos os povos
e famílias se originam de um só pai: “Só uma pessoa humana [só Adão] foi criada
primeiro.Porque é isso assim? Por causa das famílias diferentes, para que não briguem uma com a
outra [afirmando que se originem dum primeiro pai mais excelente que as outras]. E como elas já
agora, já que há somente um só pai ancestral, guerreiam umas com as outras, quanto mais iriam
guerrear uma com as outras, se aquele fosse criado duplamente”.23
A Mishna ensina: “A cada um que arruinar somente uma única alma de Israel, a Escritura lho
conta como se tivesse arruinado o mundo inteiro. E a cada um que sustenta uma única alma de Israel,
a Escritura lho conta com se tivesse sustentado o mundo inteiro”. Isso soa muito
paticularisticamente, também quando considerarmos que se trata nisso duma advertência a juizes
judaicos, os quais dentro da própria comunidade, num crime capital, tinham de fazer um julgamento
judicial.
Tanto mais se faz notar que temos outros manuscritos que rezam: “Quem deixar um homem se perder
[isso é israelita ou não-israelita], àquele a Escritura o atribui como se tivesse destruído o
mundo inteiro etc.” A igualdade em valor de cada pessoa humana, desconsiderada a sua nacionalidade
ou da sua fé está aqui garantida.
Uma tradição no Midrash vai ainda mais um passo para frente: “O rábi Johanan deu como a sua
opinião própria a conhecer: Cada aflição que Israel e os povos [um com os outros] compartilham
é uma aflição [genuína], mas uma aflição, que [só] vem sobre Israel mesmo, não é uma
[genuína] aflição, [pois Israel nela se converterá e orará, até que a catástrofe vá ser
desviada]”24 (veja DtR 2,22; há, aliás, ainda outras variantes do texto).
Abraão disputou com Deus para salvar da ruína os habitantes ateístas de Sodoma e Gomorra (Gn
18,17-33) Israel sacrificou 70 touros durante a festa de ÇUKÔT. Serviam para a
reconciliação de todos os povos no mundo.25 O rábi Yehoshua ben Levi deu aos inimigos de Israel a
vantagem plena de dúvida quando disse: “Tivessem os povos do mundo sabido quão bom o Santuário
teria sido para eles, o teriam circundado com campos de guerra para o vigiar em vez de o destruir.
Era para eles mais necessário do que para Israel. – Exatamente aqueles povos, que se mostraram
tão hostis à Toráh, precisam da reconciliação”.26
Muitos sacerdotes do Santo, Ele seja bendito
A separação de Israel do círculo dos povos não é para ser vista como absoluta. Ela está
somente orientada para deixar Israel se distanciar de imoralidade e comportamento imoral. A escolha
de Israel designa, portanto, também de modo nenhum um desprezo de outras culturas. É que todas as
pessoas humanas são criadas segundo a imagem de Deus. Também em outras culturas há revelação e
também outros povos possuem os seus retos. A toda a humanidade está, na história de salvação de
Deus, atribuída uma tarefa.
Inicialmente, Deus quis revelar a Toráh a todas as pessoas humanas. Os sábios referem as
palavras de Gn 5,1 “Este é o livro das histórias de nascimento de Adão” à Toráh como livro
de leitura para toda a humanidade27 (GnR 1,5). A Toráh foi revelada no deserto do Sinai, na terra
de ninguém, para que Israel não ficasse com a Toráh somente para si mesmo: “Por isso, a Toráh
foi dada no deserto, comunitária e publicamente, na terra de ninguém. Se alguém [dos povos] a
quiser aceitar, que venha e a aceite”28. Cada povo podia entender a palavra de Deus no Sinai: “o
rábi Johanan disse: O que significa o versículo da Escritura: ‘Deus deu a sua palavra, das
mensageiras [plural] de boa notícia havia um grande exercito’ (Salmo 68,12)? [Isso significa:]
Cada palavra que saiu da boca do Santo, Ele seja bendito, foi desmontada em 70 línguas”.29
Assim como Israel, os povos podem acelerar por amor e justiça a vinda do Messias: “Teus
Sacerdotes se vistam com justiça e teus piedosos jubilem!” (Salmo 132,9). “Teus sacerdotes –
esses são os retos dos povos, pois são sacerdotes do Santo, Ele seja bendito, neste mundo, assim
como [o imperador que ama pessoas humanas] Antônio e os seus amigos”.30
Cada pessoa humana, sem consideração a que povo pertencer, tem a capacidade de santificar a sua
vida com feitos retos. Num pronunciamento comovente, o filósofo Maimônides dá a sua voz a esse
ideal judaico: “Não deixes em ti surgir a idéia, com o dizem ‘os estúpidos dos povos’ e
muitos judeus semi-formados, que Deus já destine a pessoa humana já desde o nascimento para ser
boa ou má. A coisa não está assim, mas cada pessoa humana tem a possibilidade de chegar a ser um
piedoso como o nosso ensinador Moisés ou um malvado como Jerobeam, ser sábio ou tolo,
misericordioso ou cruel, avarento ou esbanjoso. Do mesmo jeito está com as demais qualidades de
caráter”31. Mesmo um não-judeu, que se ocupa como estudo e prática da Toráh, é equivalente ao
Sumo Sacerdote em Israel.32
No quadro da confrontação atual entre Judaísmo, Cristianismo e Islame, o rabino americano
Irving Greenberg traçou a tendência universalista do Judaísmo até o fim: “Vós sois as Minhas
testemunhas, a lavra do Eterno diz” (Is 43,10). O povo Israel consta de servos de Deus; são
chamados e escolhidos para testemunhar do seu Deus amante e do Seu plano divino com a humanidade e o
cosmo. Segundo o meu entendimento de língua, o conceito “povo Israel” se refere, não só a
israelis, nem mesmo exclusivamente a judeus, mas sim a todos que afirmam que Deus concluiu uma
aliança válida com Abraão e os seus descendentes, mas também a todos que se põem a tarefa de
salvar o mundo, assim que a aliança possa ser cumprida, quer dizer também cristãos e também
moslins chegam a serem reconhecideas como crianças de Abraão e de Sara, quando se limpam do ódio
contra judeus e da teologia de substituição.33
Escolha
A posição do povo judaico no meio dos outros povos recebe mais transparência, quando
contemplarmos essa posição à luz da escolha de Israel. Pois alguém poderia pôr a pergunta
justa: Como o Eterno, como criador do céu e da terra e pai de todas as pessoas humanas, pode
escolher um povo determinado? Não será que, por trás disso, um problema se esconde? Sabemos que a
Agada está ambígua e rica em paradoxos; nenhum conceito, porem está tão contraditório como a
escolha – BeHIRóH. Assim, esse assunto provocou então discussões veementes . Muitos
eruditos da Toráh lutavam com a idéia da predileção de Deus para Israel, como esta de modo
nenhum harmoniza com o subsom universalista e penetrante, que estamos acostumados a ouvir na melodia
do Judaísmo.
Como Deus pode fazer diferença entre as suas criaturas? Não é que disse: “Não é que sois
para Mim como os filhos dos etíopes, o Eterno diz? Não conduzi para cima Israel da terra Egito e
os Filisteus de Caftor e Aram de Qir?” (Amos 9,7). E apesar disso os rabinos perseveram na
eleição do povo judaico. Não há, para eles, contradição àquilo que Amos diz. O valor igual de
todas as pessoas humanas não está na discussão de modo nenhum. Israel não se põe diante os
outros em lugar nenhum. Ao contrário, exatamente porque Israel está consciente da própria
futilidade e da própria impotência , o Eterno escolheu esse povo. Rashi dá (a seguir ao midrash)
uma acertada interpretação a Dt 7,7: “Não porque fosseis mais numerosos [maiores] que todos os
povos, o Eterno inclinou-Se a vós e vos escolheu – já que sois o menor entre todos os povos’.
‘Não porque fosseis mais numerosos” [com isso está sendo entendido] porque não vos elevastes
a vós mesmos, quando vos dôo o bem em abundância. Por isso, a Toráh diz, ‘o Eterno vos desejou…,
pois sois o menor’ – vós, que vos fazeis sempre menores, assim como Abraão, que disse: ‘Porque
sou poeira e cinza’ (Gn 28,27), e assim como Moisés e Aarão, que disseram: ‘Mas quem somos
nós’? (Ex 16,7), e não como Nebukadnezar, que disse: ‘Igualar-me-ei ao altíssimo’ (Is
14,14) usw,”34
A escolha de Israel não é privilégio, está condicionada e ligada a uma tarefa (cf. Ex 19,5).
Quando Israel faltar, isso lhe dá somente desvantagem: “Só vós reconheci de todas as estirpes
da terra, por isso castigarei em vós todos os vossos pecados” (Amos 3,2).
O filósofo-poeta medieval Yehuda Há-Levi compara a posição de Israel no meio dos povos com o
coração como eixo da vida: “Israel está entre os povos como o coração entre os membros, é o
mais doente de todos e simultaneamente o mais sadio … Não te estranhes, quando diz: ‘ele
carrega as nossas doenças’ (Is 53,4). Pois enquanto estamos em miséria, o mundo se encontra em
calma; os sofrimentos que nos encontram contribuem a fortificar a nossa Toráh [ensino], a nos
purificar e a eliminar as escórias de nós. Pela nossa pureza e promoção, o espírito divino
está pegado ao mundo.”
Yehuda Há-Levi explica, como Israel sente primeiro a pena mais profunda do mundo em que vivemos,
enquanto o restante dos povos continua vivendo despreocupado. Assim como o servo sofrente de Isaias
carrega as doenças da comunidade, assim Israel sofre da imperfeição da criação. Então Israel
se assemelha ao coração, que é o primeiro que sofre emitindo sinais, quando outros órgãos no
corpo não funcionam bem. Simultaneamente, Israel é o “motor” do mundo. Assim como o coração,
que mantém todo o corpo em vida, Israel liga o espírito de Deus com a criação, assim que esta
continue existindo.35
A peça de ensino da eleição não faz parte de um “povo de senhores” ao que outros povos
devam servir, mas, ao contrário a isso, a doutrina de um povo que está destinado para servir a
outros.36 Israel está eleito, não tanto para si mesmo, mas sim para a humanidade. O particularismo
judaico precisa ser visto no quadro do universalismo judaico. Como nenhum outro, o profeta Isaias
percebeu isso, quando falou sobre os eleitos: “Eu, o Eterno chamei-te em justiça e te pego na
mão, cuidando de te e te fazendo a aliança do povo, a luz das nações, para abrir olhos cegos,
conduzir presos para fora do cárcere e da prisão, aqueles que estão sentados na escuridão” (Is
42,6-8).
Notas literárias 1 a 36 e mais Indicações de literatura: no fim do!
Texto alemão: Israel und die Völker