O Vaticano e o Holocausto: Um Relato Preliminar

Apresentado à Comissão da Santa Sé para Relações Religiosas com os Judeus e ao Comitê Internacional Judaico para Consultas Interreligiosas. Outubro de 2000

 

   

  O Vaticano e o Holocausto:
  Um Relato Preliminar

 

apresentado à
  Comissão da Santa Sé para Relações Religiosas com os Judeus
  e ao Comitê Internacional Judaico para Consultas Interreligiosas
  pela Comissão Histórica Católica-Judaica Internacional
  Outubro de 2000

 

Prefácio

 

A International Catholic-Jewish Commission (Historical Commission) - Comissão Histórica   Católica-Judaica Internacional (Comissão Histórica) – é composta dum grupo de três   católicos e três judaicos cientistas, designados, respetivamente, pela Holy See’s   Commision for Religious Relations with the Jews (Holy See’s Commission) – Comissão da   Santa Sé para Relações Religiosas com os Judeus (Comissão da Santa Sé) - e o   International Jewish Committee for Interreligious Consultations (IJCIC) - Comitê   Internacional Judaico para Consultas Interreligiosas – aos que estamos apresentando este   relato preliminar.

 

Os seis cientistas escolhidos para servirem na Comissão histórica são: Dr.ª Eva   Fleischner, professora emérita da Montclair State University em New Jersey; padre Gerald P.   Fogarty SJ; William R. Kenan Jr., professor de estudos religiosos e de história, University   of Virginia; Dr. Michael R. Marrus; professor Chancellor Rose and Ray Wolfe de estudos do   Holocausto e decano do School of Graduate Studies, Universidade de Toronto; reverendo John   F. Morley, Associate Professor, Department of Religious Studies, Seton Hall University; Dr.   Bernard Suchecky, Reseacher no Departament of Social Sciences, Free University of Brussels;   Dr. Robert S. Wistrich, professor de história e detentor do Neuberger Chairman em estudos   judaicos modernos na Universidade Hebraica em Jerusalém. Os cientistas servem sem compensação.

 

Coordenadores do projeto são Dr. Eugene Fisher, Comitê Episcopal para Assuntos Ecumênicos   Interreligiosos, Conferência Nacional dos Bispos Católicos (EUA), como representante da   Comissão da Santa Sé para Relações Religiosas com os Judeus; Seymour D. Reich, Chairman   do Comitê Internacional Judaico para Consultas Interreligiosas (IJCIC); e Dr. Leon A.   Feldman, professor emérito de estudos hebraicos, Rutgers Univrsity, e secretário do IJCIC.   Ariella Lang, candidata em italiano na Columbia University, serviu como assistente de   pesquisa à Comissão Histórica e assistiu no esboçar este reporto.

 

Membros do IJCIC são o American Jewish Committee, a Anti-Defamation League, B’nai   B’rith International, World Jewish Congress (Congresso Judaico Mundial), Israel Jewish   Council on Interreligious Relations (Conselho Judaico Israelense para Relações   Interreligiosas) e representantes dos três maiores ramos do Judaísmo:Orthodox Union e   Rabbinical Council of America (ortodoxos); Rabbinical Assembly e United Synoguogue of   Conservative Judaisme (conservativos) e Central Conference of American Rabbis e Union of   American Hebrew Congregations (reforma).

 

O projeto foi anunciado em Roma, no mês de outubro de1999, pelo cardeal Edward I.   Cassidy, presidente da Comissão da Santa Sé e o Sr. Seymour D. Reich, presidente do IJCIC.   A Comissão Histórica começou o seu trabalho com o propósito que lhe foi dado pelo   cardeal Cassidy, o de examinar criticamente os onze volumes de arquivado material, publicado   pela Secretaria de Estado (seção externa) da Santa Sé entre 1965 e 1981, intitulado de Actes   e Documents du Saint Siège relatifs à la seconde guerre mondiale – [Atas e   Documentos da Santa Sé referente à Segunda Guerra Mundial] - (ADSS). Cada volume considera   um assunto e ordem de tempo diferentes. Incluídos nesses documentos são tanto a correspondência   diplomática do Secretariado de Estado da Santa Sé com os seus representantes e funcionários   estrangeiros como as comunicações e memorandos de encontros com diplomatas e líderes   eclesiais de vários países. Esses documentos são publicados nas línguas em que foram   originalmente escritos (principalmente em italiano, francês e alemão, mas também alguns   em latim e inglês), e cada volume, fora do volume 3, que é dividido em dois livros, tem   uma introdução separada. Essas introduções têm sido recentemente sumariadas pelo último   membro sobrevivente do grupo de editores jesuitas do ADSS, o padre Pierre Blet SJ.1

 

O mandato que nos foi dado pelas nossas corporações patrocinadoras era rever os volumes   que formam o ADSS e levantar questões relevantes e problemas que, em nossa opinião, não   foram adequada ou satisfatoriamente resolvidos pela documentação disponível, emitindo um   relatório sobre as nossas descobertas. Na nossa revista do material, sentimo-nos compelidos   a requerer documentação adicional, que possa responder a perguntas que surgiram como   resultado da nossa pesquisa. Encontramo-nos pela primeira vez no mês de dezembro de 1999 em   Nova York, a seguir em encontros em Londres no mês de maio, em Baltimore no mês de julho,   e outra vez em Nova York no mês de setembro.2

 

Tendo revisto os ADSS, preparamos este relatório preliminar, baseado na nossa avaliação   dos documentos dentro dos volumes. No cumprimento do nosso mandato, a maior parte deste   recado consiste em questões que resultam do nosso estudo dos documentos, depois dum breve   sumário das circunstâncias que levaram ao estabelecer esta Comissão.

 

As intensas polêmicas que cercam a reputação de Pio XII e o papel do Vaticano durante   o Holocausto começaram no início da década dos anos de 1960, com a controversa ao redor   da peça O Representante. Isso era também um período em que diversos historiadores   publicaram relatos altamente críticos do papa do tempo da guerra, que contrastaram   acentuadamente com o louvor que recebera tanto durante como depois da guerra, e até ao seu   morte em 1958.

 

Muitos cientistas, a partir do decênio dos 1960 até o presente, assumiram seriamente o   mandato de objetividade histórica, escrevendo relatos balanceados (embora em muitos casos   ainda críticos da Santa Sé). Outros parecem ter simplesmente assumido que uma determinada   alegação, se resolvia danificar a reputação de Pio XII, deve por isso ser verdadeira.   Ainda outros, reagindo às acusações contra o papa, desenvolveram defesas apologéticas,   as quais algumas altamente polêmicas. Como resultado, têm-se desenvolvido, no decorrer dos   anos, retratos progressivamente contenciosos, tanto condenatórios como adulatórios, dum   homem cujo ofício, o papado, é reverenciado por muitos como instituição sagrada. Em   1964, o Vaticano respondeu à controversa e pôs em movimento um processo editorial que   levou à publicação dos ADSS. Autorizando aquela publicação, o papa Paulo VI tomou a   decisão sem precedentes de anular parcialmente a política usual do Vaticano de não   liberar material de arquivo tão recente.3

 

A tarefa de publicar esses documentos estava confiada, pelo Secretariado de Estado, a três   jesuitas: ao próprio Blet, Angelo Martini e Burkhart Schneider. Mais tarde Robert Graham,   um outro jesuíta, foi juntado ao grupo.4 O padre Blet explicou mais tarde que a   publicação dos ADSS era a resposta do Vaticano às "acusações" levadas contra   Pio XII no início da década dos anos de 1960.5

 

Os volumes os ADSS revelam a complexidade e variedade das atividades que a Santa Sé   desempenhava a respeito das "vítimas da guerra"6.

 

Uma das suas valiosas contribuições é ilustrar as prioridades do Vaticano durante   aquele conflito. Naquele tempo, a Santa Sé era primariamente preocupada com o ministério   sacramental, os direitos institucionais e até a sobrevivência da Igreja Católica, como   ilustrado, por exemplo, na política diplomática de confiar em concordatas.

 

A variedade dos documentos e as questões morais que resultam de alguns deles, atestam os   sérios esforços na parte dos editores que os prepararam, e a inclusão de documentos que   então, e a seguir, levantaram questões sobre o papel da Santa Sé, falam para os esforços   dos editores por objetividade. Todavia, o fato de que tais questões surgiram repetidas   vezes dentro da própria Igreja, ilustra a extensão a que na Igreja o entendimento do seu   papel evoluiu dramaticamente desde os eventos descritos no nosso relatório.

 

Contudo, o exame desses volumes dos documentos do Vaticano não aposenta significantes   questões sobre o papel do Vaticano durante o Holocausto. Nenhum historiador sério podia   aceitar que os publicados, editados volumes nos pudessem pôr no fim da história. Isso não   se deve nem à complexidade nem à dificuldade das próprias questões, nem à qualidade   editorial dos volumes documentários. Reflete, antes, o fato de que muitos dos documentos são   suscetíveis de interpretações diferentes. Interpretação é inevitável no trabalho de   historiadores; sendo este particularmente relevante e sensível neste caso, porque a Comissão   Histórica está lidando com aquilo que os próprios editores dos documentos reconhecem como   sendo somente uma parte da evidência disponível.7

 

Uma das nossas metas é entender as ações de Pio XII e do Vaticano durante a Guerra   Mundial II, como determinaram as políticas que seguiam e porquê. Mas a capacidade de fazer   isso é limitada pelo fato de que a nossa Comissão, e cientistas em geral, têm à sua   disposição somente uma seleção dos documentos vaticanos. Um dos inevitáveis resultados   dessas limitações é que alguns comentadores confiaram mais em especulações do que é   desejável, e alguns sucumbiram ao sensacionalismo.

 

Os próprios documentos publicados, muitas vezes, levantam importantes questões às   quais não proporcionam respostas. A mera presença dum documento, afinal, não diz nada   sobre como o foi recebido, qual atenção foi devotada à sua recepção, ou como foi   considerado ou tratado nos vários círculos da vaticana diplomacia. Além disso, os   editores dos ADSS pensaram do seu projeto numa certa luz , como o fazem todos os cientistas,   e assim não estamos afrontados somente com a tarefa de analisar os conteúdos dos volumes,   mas também com examinar o alvo e foco dos editores.

 

Muitas questões podem ser respondidas lendo as compridos introduções que acompanham   cada volume, das quais o padre Blet proveu um sumário, mas outras questões continuam   permanecendo. Nas introduções, os editores citam numerosos documentos, alguns dos quais   publicados nos volumes, e outros deles são referidos, mas não publicados. No Volume 1, por   exemplo, os editores mencionam cartas enviadas ao papa por "ansiosas almas", que   permanecem inominadas, implorando-o que trabalhe para a paz, por vezes até submetendo-lhe   planos de ação.8 Esses apelos, porém, não são incluídos no corpo dos   volumes. Semelhantemente, na introdução ao Volume 2, os editores citam explicitamente em   notas de pé as correspondências da hierarquia católica alemã ao papa. Mas o texto do   volume contém somente cartas de Pio XII a bispos alemães.

 

Os próprios editores reconhecem que usavam certos critérios ao selecionar os documentos   que publicaram. No Prefácio ao Volume 1, explicam que a Secretaria do Estado recebe relatos   e envia instruções que tratam tanto da via interna da Igreja Católica como da vida   religiosa dos seus fiéis, e que não tem nada a ver com relações internacionais. Isso é   porque o presente volume está limitado à publicação de documentos que servem para   explicar o envolvimento da Santa Sé em assuntos referentes à guerra de 1939-1945.9

 

Os editores, igualmente, põem o ponto no Volume 2, onde notam que "o papa trata   muitos assuntos que são estritamente eclesiais, referendo-se à vida religiosa".10   Uma geração mais tarde, historiadores poderiam achar relevante para os assuntos do seu   exame aquilo que antes parecia estritamente eclesial ou de caráter religioso.

 

O quê, então, podemos trazer à discussão que outros não têm? Não reivindicamos perícia   em todos os assuntos abrigados nos volumes publicados, embora todos participemos da   progredinte pesquisa e diálogo envolvendo a Igreja e o Holocausto. Cada um de nós veio à   comissão com diferentes pontos de vista baseados em trabalho anterior. Esperamos prover   dimensão múltipla ao relato que reflita diferença científica e opiniões inerentes em   cada pesquisa. A nossa colaboração e revista conjunta dos documentos publicados não nos têm   somente mutuamente enriquecido, mas têm também gerado um foro para investigação e diálogo.   Isso, porém, não quer dizer que temos alcançado consentimento unânime na interpretação   de cada documento.

 

De acordo com o nosso cargo, começamos o nosso trabalho com uma análise de matérias   que estavam no domínio público há duas décadas. Concordamos no empreender esta tarefa   por várias razões. Primeiro, estes volumes têm sido pouco usados e são pouco conhecidos,   exceto num pequeno círculo de especialistas. Segundo, dada a natureza altamente controversa   e emotiva da matéria, concordamos que será útil empenhar-nos num exame independente por   três católicos e três judaicos cientistas com uma visão para promover um mais profundo e   maduro nível de discurso histórico entre as nossas duas comunidades e dentro delas.   Terceiro, cremos que uma tal examinação comum da documentação publicada é o primeiro   passo para conseguir acesso a mais documentação arquivada e histórica evidência.

 

No desempenho do nosso mandato, esperamos estabelecer uma base documentária mais segura   para analisar as ações e políticas de Pio XII e do Vaticano. A nossa tarefa não é   sentar para julgar o papa e os seus conselheiros. Antes esperamos, através análise e   estudo das suas ações, declarações e cartas, contribuir a um mais nuançado entendimento   do papel do papado durante o Holocausto.

 

Questões

 

O que segue são alguns exemplos de questões que surgiram no nosso exame dos documentos.   Oportunamente, temos agrupado essas questões em três categorias: a primeira, daquelas dum   caráter muito específico que surge de documentos particulares na coleção; a segunda,   aquelas dum caráter mais geral, envolvendo assuntos que aparecem em um ou mais volumes; e a   terceira, questões gerais que nos ocorreram quando estávamos considerando o quadro mais   largo.

 
   
a. Questões que surgem de documentos particulares:
   
  1. Eugenio Pacelli, então Secretário de Estado, e cardeais alemães jogavam um papel central no redigir da encíclica "Mit brennender Sorge" ("Com ardente preocupação"), que era uma vigorosa condenação do Nacionalsocialismo. Logo que eleito papa, Pacelli encontrou-se com o mesmo grupo de cardeais alemães para discutir como avir-se com o Nazismo. Para entender as políticas evolvidas por Pacelli como Secretário de Estado e como papa, podemos ver as trações de Mit brennender Sorge ou qualquer outro material relevante que pertença àquela encíclica ou ao seu encontro com os cardeais alemães depois da sua eleição?11
  2. Em 1938, depois do pogrom da Kristallnacht, somente um prelado alemão proeminente, Bernhard Lichtenberg, reitor da catedral de Santa Edwiges em Berlim, tinha a coragem de condenar publicamente os atentados. A Pacelli foi dado um relatório detalhado pelo núncio papal em Berlim12, mas parece que não houve nenhuma reação oficial pelo Vaticano. Isso é especialmente importante, porque o arcebispo Amleto Cicognani, delegado apostólico nos Estados Unidos, certamente informou o Vaticano da pública radiodifusão da condenação da Kristallnacht pelos bispos americanos. Os arquivos revelam discussão interna entre os oficiais do Vaticano, inclusive Pacelli, sobre a reação apropriada a esse pogrom?
  3. Em junho de1938, o papa Pio XI encarregou o padre John LaFarge SJ para esboçar uma encíclica sobre racismo e anti-semitismo. Os editores dos ADSS afirmam que nada foi encontrado nos arquivos do Vaticano sobre esse assunto.13 Num artigo que apareceu no Osservatore Romano em 1973, porém, o padre Burkhart Schneider, um dos editores dos ADSS, declarou que "os preparados textos, bem como muitos outros assuntos, terminaram no silêncio dos arquivos"14. Poderemos rever os esboços e matérias relacionadas aquele documento nos arquivos?
  4. Parte substancial do Volume 6 está dedicado aos esforços abortados de obter vistos brasileiros para católicos de origem judaica. Numerosas questões foram levantadas referente à falha desse projeto. Além do mais, é sabido que parte do dinheiro destinado para os refugiados veio de fundos levantados pelo United Jewish Appeal nos Estados Unidos.15 Haverá mais documentação referente ao porque esse dinheiro foi aplicado para o tentado salvamento de judeus convertidos antes de para judeus?
  5. Desde a eclosão da guerra, choveram acima do Vaticano apelos de ajuda para a população da Polônia, brutalmente vitimada numa cruel e sanguinolenta ocupação. E, desde os primeiros dias dos combates, observadores, do exilado governo polonês aos embaixadores britânico e francês no Vaticano, relataram a opinião de muitos poloneses católicos, tanto de dentro como de fora da Polônia, de que a Igreja os enganara e que Roma estava calada perante o seu ordálio nacional.16 Haverá mais alguma documentação além daquilo que já está nos volumes referente a deliberações dentro do Vaticano, no que se refere aqueles insistentes apelos pelos poloneses?
  6. Em 23 de novembro de 1940, Mario Besson, bispo de Lausana, Friburgo e Genebra, enviou uma carta ao papa Pio XII, expressando profunda preocupação com as graves condições e milhares de prisioneiros, inclusive judeus, nos campos de concentração no sudoeste da França.17 Nesse relatório pressionou para um apelo público pelo papa contra as perseguições e para mais ativa defesa católica dos direitos de todas as vítimas. Sabemos que isso devia ter sido levado a sério pelo Vaticano, nomeadamente desde que suas observações foram confirmadas pelo núncio papal na Suíça, o arcebispo Filippo Bernardini, que levou a mensagem de Besson ao papa.18 As respostas subseqüentes de Luigi Magliore, Secretário de Estado, também indicam que este a considerava como merecendo atenção, e certamente a tinha discutida com o Santo Padre.19 Há alguma evidência de que Pio XII, Magliore ou algum outro alto oficial do Vaticano considerou, então ou a seguir, respondendo na maneira requerida por Besson?
  7. Em agosto de 1941, o chefe de estado francês, Marechal Philippe Pétain, pediu o embaixador no Vaticano, Léon Bérard, verificar a visão do Vaticano sobre os esforços do governo colaboracionista de Vichy para restringir os judeus através de legislação antijudaica. A resposta veio, como reportado de Giovanni Montini, Secretário substituto de Estado, e Domenico Tardini, Secretário da Congregação de Assuntos Eclesiais Extraordinários, que declaram que não havia objeção a essas restrições, enquanto fossem administradas com justiça e caridade e não restringissem as prerrogativas da Igreja.20 Foi o papa consultado sobre esse assunto? Há qualquer material adicional nos arquivos referente a esse assunto, material esse que não está contido nos ADSS?
  8. Na Romênia, onde os católicos eram uma pequena, mas significante minoria, tanto as autoridades católicas locais como o Vaticano aferraram-se à concordata de1929, como que definia o relacionamento da Igreja com o regime ditatorial o Marechal Ion Antonescu. Durante 1940 e 1941, quando a perseguição de judeus se intensificou, o Vaticano recebeu uma torrente de comunicações do núncio, o arcebispo Andrea Cassulo, repondo a ênfase de que as leis antijudaicas interferissem em que a Igreja via como as suas prerrogativas – entre outras, a proteção dos direitos civis e religiosos dos católicos que se converteram do Judaísmo. Cassulo refere-se repetidamente aos seus esforços para segurar "a liberdade da Igreja" insistindo na necessidade de isentar os conversos das leis antijudaicas, seus direitos de atender escolas e instituições vocacionais.21 Fizeram Cassulo ou os seus interlocutores no Vaticano - visando essas intervenções como o único meio prático pelo que o cobertor de proteção, ou pelo menos alguma proteção - com que este pudesse ser estendido a judeus que não eram convertidos? Há mais outros documentos que elucidem esse ponto?
  9. Cassulo tinha muito boas relações com os líderes judaicos no coração das províncias romenas Moldávia e Valáquia. Apelou diretamente a Antonescu para limitar deportações planejadas para o verão de 1942.22 Viajou por Transnístria na primavera de 1943, visitando um os principais lugares de matar durante o Holocausto. Cassulo reportava extensivamente sobre as suas atividades a Maglione.23 Muitos desses documentos aparecem em ADSS, 8.Viajou a Roma no outono de 1942 e foi recebido pelo papa. Reportam alguns documentos o que transpirou durante essa visita? Foram suas ações aprovadas pela Santa Sé?
  10. Pelo fim de agosto de 1942, o Metropolitano Católico Grego de Lemberga (Lwow), Andrzeyi Szeptyckyj, escreveu ao papa, descrevendo com rígida clareza as atrocidades e assassínios em massa sendo executados contra judeus e a população local.24 Nenhum outro Homem da Igreja de alta categoria, enquanto sabemos, proveu um testemunho ocular tão direto, expressando preocupação por judeus como judeus (e como os primeiros alvos da bestialidade alemã) do mesmo jeito. Além disso, indicou ao papa que protestara ao próprio Himmler. Finalmente, denunciou os massacres dos judeus em circunstâncias nas quais alguns católicos ucranianos mesmos estavam colaborando com os alemães nesses assassínios. Há evidência duma discussão ou resposta ao apelo de Szeptyzkyj?
  11. O cardeal arcebispo de Cracóvia, Adam Sapieha, numa carta do mês de fevereiro de 1942 ao papa, descreveu vivamente os horrores da ocupação nazista, inclusive os campos de concentração que destruíram milhares de poloneses.25 Contudo, nem nesta nem em qualquer outra comunicação a Roma, Sapieha faz qualquer referência específica aos judeus. Tampouco, enquanto sabemos, o Vaticano requis dele informação nenhuma sobre o assunto. Todavia, Sapieha indubitavelmente sabia o que estava acontecendo em Auschwitz, que estava dentro da sua arquidiocese. Houve qualquer comunicação não publicada de Sapieha a Roma, na qual aludisse ao fado dos judeus? Podem os arquivos contar-nos mais referente à interação a respeito disso e assuntos relacionados entre o Vaticano e líderes eclesiais poloneses?
  12. Em 18 de maio de 1941, o papa Pio XII recebeu o chefe do estado fascista da Croácia, Ante Pavelic. Enquanto o Vaticano recebera Pavelic como um católico individual, não como chefe de estado, havia implicações políticas como resultado da sua recepção. Antes da recepção, o ministro iugoslavo na Santa Sé levou à atenção o envolvimento de Pavelic no cometer atrocidades contra os sérvios, protestando contra a recepção de Pavelic em qualquer qualidade, porque este era o chefe dum "ilegítimo" estado boneca.26 Em seguida, o regime de Pavelic era responsável pelo massacre de centenas de milhares de sérvios, judeus, ciganos e partisanos. Não se sabe como o papa reagiu a essas atrocidades. Haverá qualquer material de arquivo que possa iluminar esse assunto?
  13. Muitas questões sem resposta cercam também o arcebispo de Zagreb, Aloysius Stepinac, beatificado em 1999. Enquanto, em 1941, inicialmente saudou a criação do estado de Croácia, condenou mais tarde atrocidades contra sérvios e judeus, estabelecendo uma organização para resgatar judeus. Haverá quaisquer documentos de arquivo ou material do processo de beatificação que possam iluminar este assunto?
  14. Em várias ocasiões, Konrad von Preysing, bispo de Berlim, apelara em vão ao papa para protestar contra específicas ações dos nazistas, inclusive aquelas dirigidas aos judeus. Em 17 de janeiro de 1941, escreveu a Pio XII, notando que "Vossa Santidade está certamente informada sobre a situação dos judeus na Alemanha e países vizinhos. Quero mencionar que fui perguntado tanto do lado católico como do protestante, se a Santa Sé não pudesse fazer alguma coisa nesse assunto, lançar um apelo a favor desses infortunados."27 Esse foi um apelo direto ao papa, que contornou o núncio. Qual impressão as palavras de von Preysing fizeram em Pio XII; qual discussão, se alguma, tomou lugar sobre o fazer tal apelo público como o bispo alemão o pediu, e foi procurado qualquer outra informação sobre a política antijudaica dos Nazistas?
  15. Em 6 e março de 1943, von Preysing pediu a Pio XII tentar salvar os judeus que estavam ainda na capital do Reich, e que estavam enfrentando deportação iminente, a qual, como indicou, conduzi-los-ia à morte certa: "A nova onda de deportações dos judeus, que começou antes do l.° de março, afeta-nos particularmente aqui em Berlim ainda mais amargamente. Alguns milhares são envolvidos: Vossa Santidade aludiu ao fado provável deles na sua mensagem de Natal no rádio. Entre os deportados estão também muitos católicos. Não será possível para a Vossa Santidade intervir outra vez para os muitos infortunados inocentes? É a última esperança para muitos e o profundo desejo de toda a gente que pensa reto."28 Em 30 de abril de 1943, o papa indicou a von Preysing que os bispos locais tinham a discrição para determinar quando ficar calado e quando falar face ao perigo de represálias e pressões.29 Embora sentia que tinha de exercer grande prudência nas suas ações como papa, deixou claro que se sentia aliviado que católicos, nomeadamente em Berlim, ajudaram os "assim chamados não-arianos" (sogenannten Nichtariern). Destacou nomeadamente por "paterno reconhecimento" o padre Lichtenberg, que fora preso pelos nazistas e que ia morrer logo depois. Há exemplos nos arquivos da solicitude do papa pelo padre Lichtenberg ou alguma referência à posição dos bispos contra a perseguição dos judeus que remontar a 1938? Há alguma evidência duma discussão no Vaticano referente às deportações de Berlim?
  16. À parte da observação direta de von Preysing sobre a deportação de judeus de Berlim e daquilo que lhe foi reportado, sabemos que foi mantido informado sobre a perseguição através dos seus freqüentes contatos com Helmut James Graf von Moltke (a força motora do Círculo Anti-Nazista de Kreisau). Recebeu o papa outras informações de von Preysing sobre o Holocausto? Os arquivos contêm qualquer outra informação a mais referente à interação de von Preysing e outros bispos alemães com o Vaticano sobre a perseguição e assassínio de judeus?
  17. Na resposta do papa a von Preysing não há um específico cometimento para fazer público apelo algum pelos judeus. Mas em 2 de junho de 1943, justamente mais que um mês mais tarde, é que o papa, numa alocução ao Sagrado Colégio dos Cardeais, referiu-se exclusivamente àqueles que "por vezes são destinados, mesmo sem culpa da sua parte, à medidas exterminatórias."30 Essa era a segunda e última ocasião em que o papa Pio XII faria qualquer (indireta) referência ao Holocausto durante os anos da guerra. A proximidade de tempo desta à sua resposta em 30 de abril de 1943 a von Preysing sugere que possa ter havido uma conexão, embora outra vez somente uma investigação mais rigorosa dos arquivos do Vaticano possa revelar se isso era o caso. Quais não publicados documentos referente à alocução do papa e da sua resposta a von Preysing os arquivos contêm?
  18. Numa carta a von Preysing em março e 1944, o papa declara: Na minha frente jazem as suas oito cartas de 1943 e cinco cartas de 1944."31 Existem essas cartas nos arquivos, e as podemos ver?
  19. Surpreendentemente detalhados relatórios de matanças são reportados no Volume 8. Num notável instante, em 7 de outubro de 1942, o Vaticano recebeu informação sobre os massacres de judeus compilada pelo capelão dum trem hospitalar italiano, o padre Pirro Scavizzi, reportando dois milhões de mortos por esse ponto.32 Tem sido sugerido que Scavizzi teve quatro audiências com o papa – duas das quais passando sem mencionadas nos onze volumes.33 Passando adiante os ângulos de visão do cardeal Innitzer de Viena, Scavizzi deplorou as tímidas reações do arcebispo Cesare Orsenigo, o núncio na Alemanha, a coisas como essas, escrevendo diretamente ao papa em maio de 1942.34 Foram reportagens como essa jamais discutidas nos repartições da Secretaria o Estado? O próprio papa referiu-se a tais relatos em reuniões ou em outras conversações dentro do Vaticano? Há material de outros capelães militares italianos nos arquivos?
  20. Em agosto e setembro de 1942, houve vigorosos protestos contra a deportação de judeus da França pelo arcebispo Saliège de Toulouse, pelo bispo Théas de Montaubon e pelo cardeal Gerlier de Lião.35 Segundo The New York Times, num artigo publicado em 10 de setembro de 1942, o papa "enviou ao Marechal Petain uma mensagem pessoal em que intimou a sua aprovação da iniciativa dos cardeais e bispos franceses a respeito de judeus e estrangeiros sendo entregues aos alemães. Está entendido que o papa pediu ao Chefe de Estado francês que interviesse."36 Há confirmação desses novos comunicados nos arquivos o Vaticano?
  21. Casimir Papée, o embaixador polonês na Santa Sé, enviou, em 28 de abril de 1943, a Maglione um extrato dum jornal de Zurique descrevendo o martírio de muitos sacerdotes poloneses internados em Dachau. Lembrou o cardeal dos sentimentos acordados entre todas as nações civilizadas cristãs pela crueldade alemã nos territórios ocupados, acrescentando: "Meus colegas e eu nunca deixamos de chamar a atenção da Vossa Eminência a esses penosos fatos." Concluindo a sua carta, Papée perguntou o quê a Santa Sé pudesse fazer "para salvar vidas preciosas para a Igreja", e quais medidas propôs tomar "face à tanta injustiça".37 Não há uma evidência duma resposta nos ADSS, embora as queixas dos poloneses são notadas em várias ocasiões.38 Apelos como esses vieram ao Vaticano desde 1939. Há quaisquer materiais nos arquivos referente a discussões internas sobre como o Vaticano iria responder?
  22. Há cartas dos bispos do nordeste da Itália entre 1943 e 1945 (por exemplo do bispo Giuseppe Nogara, bispo de Udine, de Antonio Santin, bispo de Trieste, e de outros bispos).39 Provêem um quadro detalhado da situação política-religiosa naquelas dioceses, tal como a perseguição dos judeus, o fuzilamento de reféns, os perigos postos pelos partisanos e o sofrimento dos italianos. Há mais letras dessas, desses ou de outros bispos italianos nos arquivos?
  23. No início do ano de 1944, o Congresso Mundial Judaico apelou à Santa Sé, através do arcebispo Cicognani em Washington, para que interviesse nos autoridades húngaras e aceitasse e assistisse judeus da Polônia. Durante esse período, a Hungria era vista um como lugar de refúgio para judeus. Maglione informou Angelo Rotta, o núncio na Hungria, sobre esse apelo, instruindo-o a dar qualquer passo que achasse "possível e oportuno".40 Outros apelos vieram aos núncios e delegados de vários grupos judaicos.41 Os núncios, então, enviaram sumários telegráficos desses apelos. Podemos ver os originais dos documentos, para determinar quão perto sejam refletidos nos sumários?
  24. Em fevereiro de 1944, a Comissão Pontifícia para o Estado do Vaticano (Pontificia Commissione per lo Stato della Cittá del Vaticano), a agência administrativa da Cidade do Vaticano, relata a presença de judeus e de outros aos que foi dado refúgio dentro do Vaticano.42 São relatos boletins da Comissão Pontifícia disponíveis a respeito ao abrigo de refugiados? Há relatos e outras pessoas encontrando refúgio em instituições pontifícias, por exemplo na vila papal de Castelgandolfo?
  25. Em abril de 1945, na véspera da deportação dos judeus da Hungria, Rotta reportou que o chefe do governo húngaro lhe asseverou que desejaria manter relações cordiais entre a Santa Sé e a Hungria. Essa asseveração veio depois de que novas leis antijudaicas foram sancionadas sob a influência alemã. Uma nota no pé do relato de Rotta indica que fora visto pelo papa, mas tal anotação falta na maioria dos outros documentos destes.43 Há algum relato, e quais relatos o papa realmente viu? Qual foi a sua reação a tais relatos? Houve quaisquer discussões referente ao relacionamento com o governo húngaro?
  26. Rotta era o único núncio que cooperava com representantes diplomáticos de estados neutros, Espanha, Portugal, Suécia e Suíça. Em três ocasiões no fim do ano de 1944, ele e os seus colegas diplomatas submeteram protestos ao governo da Hungria, em defesa de judeus, tomando medidas ativas para os salvar.44 O Vaticano expressou a sua aprovação das ações de Rotta nessa conexão.45 Há evidências de aprovação ou encorajamento vaticanos das atividades de Rotta no início?
  27. Em 1933, Edith Stein escreveu a Pio XI, pedindo-o que editasse uma encíclica condenando o anti-semitismo.46 Isso pode ser o primeiro de muitos apelos feito ao Vaticano por intervenção referente aos judeus. Se bem que a data caia fora dos parâmetros do nosso mandato, o documento é relevante por causa do seu conteúdo. Como a carta foi recebida? A própria carta está nos arquivos, e se for, podemo-la ver?
  28. b. Questões que surgem de assuntos pertencentes a um ou mais volumes
  29. A espiritualidade de Pio XII estava formada pelos tempos e circunstâncias em que vivia, que profundamente afetavam o seu modo de ver tais coisas como os judeus e outras vítimas da guerra (como os poloneses, os sérvios, os ciganos, os alemães civis, prisioneiros de guerra italianos e outros). Por exemplo, nas suas cartas aos bispos de Hamburgo e outros lugares, a sua teologia de sofrimento influenciava profundamente no como respondia aos relatos de perseguição, bombardeamentos e outros ataques a populações civis. Há outras cartas e documentos não publicados que esclareçam mais o como o papa via o papel da Igreja durante a guerra?
  30. Sob o Secretariado de Estado, a Congregação de Assuntos Eclesiais Extraordinários tratava de relações entre estados. Reuniões da Congregação discutiam relatos dos núncios e delegados e os projetos de instruções da Congregação para eles. Minutas desses reuniões proveriam valiosa informação sobre a reação do Vaticano às atividades da Igreja dentro da Europa dominada pelos Nazistas. Há minutas dessas reuniões que cubram o período da guerra? No caso que sim, poderemos ter acesso a elas?
  31. Finanças são ocasionalmente mencionadas no contexto da ajuda e sofrimento civil.47 Por exemplo, uma demonstração de desembolso de fundos é dada em casos onde organizações judaicas doavam fundos ao Vaticano para socorro e salvamento. No entanto, os volumes não contêm documentos referente às transações do próprio Vaticano a respeito de tais esforços. Há alguma evidência de arquivo que indique como o Vaticano coletava e distribuía os seus próprios ou outros fundos na execução de tais atividades, como a coleção anual dos Centavos de Pedro?
  32. Durante a guerra, o Vaticano seguia a sua política tradicional de que judeus que se tiveram convertido ao catolicismo eram plenos membros da Igreja e, portanto, habilitados à proteção dela. Essa proteção era, por vezes, garantida por concordatas, que assim, segundo a Igreja, eram os meio para intervir em casos específicos e gerais. O recurso a tais intervenções era derivado puramente de considerações de eficiência ou havia considerações morais ou outras que eram discutidas entre os oficiais do Vaticano? Havia uma ampla estratégia, normas e política ou discussão teológica entre os oficiais do Vaticano, para determinar que princípios deviam ser aplicados em tais intervenções a respeito de judeus convertidos?
  33. Nas repetidas intervenções contra a aplicação de leis raciais e apelos a respeito de alguns dos deportados que aparecem nestes volumes, a ênfase em "católicos não-arianos" ou judeus convertidos choca o leitor contemporâneo. Isso é ainda mais assim por causa do permanecente ressentimento, entre os judeus, da promoção e encorajamento pela Igreja de tais conversões. Do ponto da posição do Vaticano, naturalmente, as implicadas razões para essa ênfase são tríplices: primeiro, o que a Igreja entendia é a sua responsabilidade de cuidar de si mesma; segundo, que o Vaticano não acreditava que organizações judaicas cuidassem de judeus conversos ao catolicismo; e terceiro, a alegação que era somente em casos dessa classe particular de "judeus" que o Vaticano tinha locus standi com regimes agressivos e ditatoriais – e daí alguma perspectiva de sucesso. Até que grau o último era razão para inatenção para judeus como judeus? E até que ponto era exato referir-se, como muitos regularmente o fazem, a intervenções referente a "judeus", quando esse termo freqüentemente conotava judeus batizados? Há quaisquer documentos que clarifiquem esse uso ambíguo de terminologia?
  34. Dos diplomatas vaticanos, quase só Monsenhor Domenico Tardini, o assistente principal de Maglione, escrevia memorandas e notas oficiais sobre uma ampla variedade de tópicos, muitos dos quais publicadas nos ADSS. Escreveu outras notas referentes ao fado dos judeus, não publicadas nos ADSS?
  35. Em 18 de março d 1942, Gerhart Riegner do Congresso Judaico Mundial Richard Lichtheim, representando a Agência Judaica de Palestina, enviaram um memorando notavelmente abrangente sobre o fado de judeus na Europa Central e Oriental ao arcebispo Filippo Bernardini, o núncio na Suíça, e, um dia depois, Bernardini adiantou o documento ao próprio Maglione. Enquanto o relato não dava sentido claro duma "solução final" que abrangesse a Europa, deixou pouco a imaginar na sua descrição de horrores organizados numa escala continental.48 Há alguma indicação nos arquivos sobre qual resposta, se houvesse alguma, foi dada a esse relato? Por exemplo, a Santa Sé notificou hierarquias ou os seus representantes diplomáticos a respeito os conteúdos desse relato?
  36. Há evidência que a Santa Sé era bem informada, no meio do ano de 1942, do acelerante assassínio em massa de judeus. Perguntas continuam ser feitas sobre a recepção dessas notícias, e sobre qual atenção foi dada a isso. Até que ponto o Vaticano era cabalmente informado referente a detalhes da perseguição e exterminação nazistas? Qual era a reação da Santa Sé, e quais discussões seguiram aos relatos que fluíam descrevendo a evidência da "Solução Final"? Quais, mais especificamente, eram os passos que levaram à mensagem de Natal do papa em 1942? Há esboços dessa mensagem?
  37. À luz do mencionado acima, houve, no mês e setembro de 1942, requerimentos para uma declaração papal dos belga, brasileiro e americano representantes diplomáticos na Santa Sé. No Volume 5 os ADSS, só a resposta a Myron Taylor, o representante americano ao papa, está publicada. Poderia a resposta aos outros representantes ser feita disponível?
  38. Perguntas foram levantadas referente à atitude do Vaticano a respeito do lar nacional judaico em Palestina durante o período do Holocausto. Maglione respondia em geral a pedidos por assistência no envio de judeus à Palestina lembrando os apelantes de tudo o que a Santa Sé fizera para ajudar os judeus e de sua prontidão de continuar fazendo isso. Mas em notas internas publicadas nos volumes, intencionadas somente para representantes vaticanos, a Secretaria do Estado e seus auxiliares reafirmaram explicitamente a oposição do Vaticano à significante imigração judaica à Palestina, declarando que "a Santa Sé nunca aprovou o projeto de fazer de Palestina um lar judaico... A Palestina está agora mais santa para católicos do que para judeus."49 Os documentos revelam também que Angelo Roncalli (o futuro Papa João XXIII), delegado apostólico em Istambul, ajudava os judeus para chegarem à Palestina, apesar de sentir-se incômodo a respeito das judaicas aspirações políticas ali.50 Há documentação a respeito de orientações para esforços de salvamento e as implicações destes referente à política vaticana a respeito de Palestina?
  39. Em 12 e março de 1943, um consórcio de rábis na América do Norte enviou um apelo apaixonado a Maglione, descrevendo os horrores na Polônia e a liquidação do Gueto de Varsóvia, solicitando ajuda de Roma.51 É curioso que não haja referências nos volumes ao levante do Gueto de Varsóvia. Haverá quaisquer documentos referentes a esse evento nos arquivos?
  40. O chargé d’affaires vaticano em La Paz (Bolívia) escreveu sobre o caráter "invasivo" e "cinicamente explorativo" dos judeus – pretensamente engajados em "negócios desonestos, violência, imoralidade e até desrespeito pela religião".52 O seu altamente carregado relato pode ter influenciado Maglione, especialmente desde que este recebeu semelhantes relatos de alguns outros núncios, tais como Aldo Laghi, em Santiago (Chile). Este núncio alegou que a imigração judaica no Chile já criara "um sério problema". Os judeus, alegou, ao lugar de chegarem a ser agricultores como prometido, voltaram-se ao pequeno comércio e mercado, provocando protestos populares de círculos seculares e clericais no Chile. O núncio, advertindo contra a imigração de católicos "não-arianos" tomou em conta o animo violento disparado por aquilo que chamou de "a invasão dos judeus"53. Se outros relatos dessa natureza existirem nos arquivos vaticanos, poderemo-los ver? Quais discussões internas provocaram, e influenciaram a política referente à "questão judaica" no tempo de difundido anti-semitismo?
  41. À que regularidade Maglione, Tardini e Montini instruíram o papa sobre eventos do tempo da guerra, as atividades dos núncios papais e as políticas que manuseavam? Há notas dessas discussões? Pio XII ou seus auxiliares mantinham diários que aludam a essas discussões?
  42. A rádio vaticana, de vez em quando, tocou em assuntos referente à ocupação nazista, aparecendo extratos dessas transmissões no Tablet de Londres. Dizem que Pio XII pode ter escrito ou editado os textos para algumas dessas transmissões. Há qualquer evidência documentária a respeito do papel de Pio XII, e os transcritos originais das transmissões são disponíveis?
  43. c. Questões gerais
  44. Repetidamente foi alegado que o medo do Vaticano pelo comunismo o levava a se calar e limitar a sua crítica das atrocidades e políticas de ocupação dos nazistas. Estamos impressionados pela pouca evidência desse efeito e da matéria de comunismo em geral. De fato, a nossa leitura dos volumes apresenta uma imagem diferente, especialmente a respeito da promoção vaticana do apoio dos bispos americanos para a aliança entre os Estados Unidos e a União Soviética para a oposição ao Nazismo.54 Há outra evidência sobre essa questão?
  45. Em alguns dos volumes, os editores citam centenas de documentos que mesmos não foram publicados. Por exemplo, só no Volume 10 os editores listam 700 de tais documentos. Em alguns casos, os documentos são brevemente sumariados ou citados. Ajudaria se esses documentos fossem feitos disponíveis.
  46. Os Poloneses eram vítimas maiores dos nazistas. Membros do Governo Polonês no Exílio em Londres e alguns bispos poloneses eram muitas vezes muito sonorosos na sua crítica do papel de Pio XII. Está reportado que o Vaticano encarregou os jesuitas a prepararem uma defesa da sua política polonesa.55 Isso é correto e, se for, podemos ver o relato? Mais geralmente, o assunto de relações Vaticano-Polônia é um elemento essencial para entender o papel da Santa Sé durante o período do Holocausto, merecendo ulterior investigação nos arquivos vaticanos. Há outra pertinente informação sobre esta matéria nos arquivos, a qual não esteja nos volumes, e a podemos ver?
  47. Os volumes contêm urgentes apelos ao Vaticano por assistência, articulados por desesperados solicitantes judaicos. Essas petições são freqüentemente encobertas em linguagens tanto de louvor efusivo como de gratidão por ações já empreendidas.56 Mas os volumes contêm poucos exemplos da ajuda já dada que motivou tais expressões e louvor e gratidão. Qual informação pode ser obtida, seja dos arquivos ou seja de outras fontes, referente à concreta assistência já dada que motivou essas expressões de gratidão?
  48. Em países em que o Vaticano se chocou com as autoridades locais sobre a aplicação de leis raciais, há repetidas referências a conversões. Governos, autoridades de ocupação, núncios, o Secretariado e Igrejas locais, todos levantaram questões sobre a sinceridade dessas conversões. Eram tais conversões o meio para evitar inabilidades das leis discriminatórias, regulamentos e, ainda pior, deportação e assassínio? A qualquer um familiar com a perseguição dos judeus no tempo da guerra – e isso deve incluir oficiais vaticanos, cujas vozes são aqui representadas – possam tais questões aparecer cruéis ou, na melhor, ingênuas. À luz de que certos oficiais eclesiais emitirem falsos papéis de identidade a judeus não convertidos, eram tais expressões vaticanas da preocupação de que conversões fossem "sinceras" entendidas para terem perseguição e até oficiais assassinos em cheque? Ou eram elas antes genuína reflexão das prioridades da Igreja ciosamente guardando a integridade da sua vida sacramental, nomeadamente do batismo, promovendo sem vacilar, até no meio do Holocausto, aquilo que sentia a sua missão apostólica pelas almas postas à sua cura? Há quaisquer documentos que possam dar luz sobre esse assunto?
  49. Tinha o papa Pio XII sérias dúvidas sobre a sua sapiência ou justeza da sua política de "imparcialidade", quando relacionada a judeus, poloneses ou outras vítimas dos nazistas? Os documentos publicados, infelizmente, provêem pouca evidência, embora o Volume 2 nos dê uma valiosa visão no seu pensamento durante o período do tempo da guerra, nomeadamente sobre a Igreja alemã, à que se sentia particularmente perto.57 No seu diário, Roncalli reporta uma audiência em 11 de outubro de 1941 com o papa, a quem perguntou se o seu "silêncio" referente ao Nazismo seria julgado mal.58 Há quaisquer papéis pessoais de Pio XII ou relatos das suas discussões com principais conselheiros, diplomatas ou importantes visitantes estrangeiros que iluminem esse assunto e, se houver, podê-los-emos ver?
 

Observações concludentes

 

A nossa investigação preliminar dos onze volumes tem gerado muitas significantes   perguntas. As listadas neste documento não são senão uma seleção daquelas que possam   ser feitas. Levantar tais questões não pretende depreciar o trabalho daqueles que   editaram estes volumes faz várias décadas. Nenhuma editada coleção possa pôr   definitivamente no descanso um assunto histórico tão importante. Justamente como   qualquer historiador trabalha escolhendo para enfatizar alguns fatos e não outros, para   introduzir algumas personalidades e não outras, para contar alguns incidentes e não   outros, assim a obra dos editores baseou-se nas escolhas deles, exercida individualmente   ou como parte dum time. De fato, um dos quatro editores originais, o padre Robert Graham,   relatou as grandes dificuldades que o time experimentava selecionando "aquilo que   julgavam pertencendo a Pio XII e o seu Secretariado de Estado durante a Segunda Guerra   Mundial".59

 

Avaliando a adequação dos onze volumes para entender o papel do Vaticano durante o   Holocausto, vamos tomar em consideração que historiografia alguma do papel de qualquer   governo numa coisa tão ampla como o Holocausto, poderá ser efetivamente empreendida na   base de intercâmbio diplomático somente – mesmo quando completado, como os ADSS o de   vez em quando são, por notas preparadas como aides mémoires ou outros recados.

 

Além disso, historiadores precisam saber que material não está em tais   volumes. Mesmo sem inventário dos arquivos da Santa Sé, está óbvio dos ADSS que   importantes peças do quebra-cabeça histórico faltam naquela coleção. Algumas dessas são   os relatos da administração de dia a dia da Igreja e da Santa Sé. A isso, há as   numerosas comunicações internas que qualquer administração deixa por trás – diários,   memorandos, livros de apontamento, minutas de reuniões, documentos de esboços e assim em   diante, que detalham o processo de como o Vaticano chegou às decisões tomadas.

 

Concernente à utilidade de ter documentos fora dos arquivos oficiais, ajudará ter   acesso aos papéis (spogli) e tais proeminentes protagonistas como Luigi Maglione,   Amleto e Gaitano Cicognani, Giovanni Montini, Domenico Tardini, Alfredo Ottaviani, Valerio   Valeri, Guiseppe Burzio, Angelo Rotta, Eugene Tisserant, Filippo Bernardini e outros   oficiais do período. Semelhantemente, será útil ter acesso a vários arquivos da   Sociedade de Jesus, nomeadamente aos papéis de Wlodimir Ledochowski, Robert Leiber,   Pietro Tacchi-Venturi, Gustav Gundlach e Robert Graham.

 

Mais que trinta têm passado desde o aparecimento dos primeiros volumes dos documentos   Vaticanos do tempo da guerra. Desde aquele tempo muitos, senão todos, dos então vivos   indivíduos aos que aqueles páginas se referem, morreram, removendo alguns dos   constrangimentos na publicações que pudessem ter existido quando os documentos foram   liberados pela primeira vez. Restrições que podem ter sido apropriadas então, não   precisam mais ser aplicadas.

 

Apreciamos que, mesmo se pleno acesso aos arquivos for permitido, isso não   necessariamente aposentará todas das questões que circundam o papel da Santa Sé e o   Holocausto. Todavia, cremos que isso seria um passo muito significante para frente no avançar   saber do período, intensificando as relações entre as comunidades judaica e católica.

 

Finalmente, gostaríamos revocar o que dissemos no nosso primeiro encontro em dezembro   de 1999: "Parece-nos que a busca da verdade, aonde ela conduzir, poderá ser   promovida no melhor num ambiente em que haja pleno acesso à documentação de arquivos e   outras evidências históricas."

 
Notas
 
  1. Pierre Blet, Pius XII and the Second World War, trad. Lawrence J. Johnson (New York: Paulist Press, 1999).
  2. A nossa declaração daquele primeiro encontro em Nova York em 7 de dezembro de 1999, mostra a nossa meta comum: Como cientistas judaicos e católicos estamos atentos da nossa responsabilidade em conjunto e da gravidade da tarefa que temos empreendido. Os nossos esforços, esperamos, assistirão a perseguição de verdade, entendimento histórico e melhores relações entre as comunidades judaica e católica. Reconhecemos que o papel do Vaticano durante o Holocausto era coisa difícil e penosa, cuja discussão nem sempre procedeu num clima de entendimento histórico e debate desapaixonado. Parece-nos que a busca por verdade, aonde ela conduzir, poderá ser promovida no melhor num ambiente em que haja pleno acesso à documentação de arquivos e outras evidências históricas. Enfim, franqueza é a melhor política para a madura e balanceada avaliação histórica. Enquanto mantendo pleno acesso e abertura como o nosso objetivo sobrepujante, estamos empreendendo um exame crítico dos onze volumes do material de arquivo do Vaticano, publicado entre 1965 e 1981, material esse que se refere ao papel da Santa Sé durante o Holocausto. Esperamos levantar questões tanto a respeito dos assuntos gerais notados acima como do material não contido nesses volumes.
  3. O Vaticano tinha uma política não oficial de manter seus arquivos fechados durante 100 anos depois dum evento. Paulo VI mudou essa política, abrindo os arquivos para o inteiro pontificado de Pio IX (1846-1878). Seguindo esse precedente, João Paulo II, depois, abriu os arquivos, primeiro para o pontificado de Leo XIII (1878-1903), e a seguir para aqueles de Pio X (1903-1915) e Benedito XV (1915-1922).
  4. Pierre Blet, Osservatore Romano, n.° 17, 29 de abril de 1998, pp.16-17.
  5. Blet, Pius XII and the Second War.
  6. "Les victimes de la Guerre" (‘As vítimas da guerra’) é a expressão usada no título de alguns dos volumes dos ADSS.
  7. Por exemplo, veja ADSS, 8, pp. 767-781; ADSS, 9, pp. 637-652, que lista os documentos que são citados, mas não publicados.
  8. ADSS, 1, pp. 11-13.
  9. ADSS, 1, p. VII.
  10. ADSS, 2, p. 60.
  11. Veja ADSS, 2, Apêndice I-IX, pp. 385-436.
  12. ADSS, 6, apêndice 4, pp. 536-7.
  13. ADSS, 2, nota 12, p. 407.
  14. Burkhart Schneider, "Un’enciclica mancada", Osservatore Romano (5 de abril de 1973).
  15. ADSS, 6, n.° 125-6, p. 211-14; n.° 131, p. 219; n.°137, pp.224-5; 341, pp.437-9 provêem vários exemplos da discussão desses fundos. Até dentro desses documentos, outros relatos são referidos mas não publicados, e essas cartas poderiam ser de importância para historiadores.
  16. Nos ADSS, 1, há asserções adiantados que o papa via eventos na Polônia com a maior mágoa; que agonizava sobre como responder; que qualquer coisa que pudesse ser feita, estaria sendo feita; e que ficar mais forte era certamente para pronta retaliação.
  17. ADSS, 6, n.° 378, pp.477-480.
  18. ADSS, 6, n.° 378, nota 3. p.479.
  19. ADSS, 6, n.° 378, notas 4-5, p.479.
  20. ADSS, 8, n.° 165, pp. 295-7; n.° 189, pp. 333-4.
  21. ADSS, 8, n.° 581, pp. 762-3.
  22. ADSS, 8, n.° 481, pp. 586-7.
  23. Muitos desses documentos aparecem em ADSS, 8.
  24. ADSS, 3.2, n.° 406, pp. 625-29.
  25. ADSS, 3.2, n.° 357, pp. 539-41.
  26. Veja Gerhart Riegner, "Observations on the Published Archival Material", 5 de dezembro de 1999, p. 6. ADSS, 4, n.° 398, pp.
  27. ADSS, 9, n.° 82, p. 170. Uma carta de von Preysing ao papa, datada de 17 de janeiro de 1941. A carta original reza: "Pode ser que Vossa Santidade esteja informado sobre a situação dos judeus na Alemanha e nos países limítrofes. Somente informando, queria mencionar que, da parte católica como também da protestante, fui perguntado se a Santa Sé não poderia fazer alguma coisa nessa coisa, promulgar um apelo a favor dos infelizes?" Von Preysing apresenta essa solicitação como vindo de terceiras partes, antes de no nome próprio, como se não seria senão o mensageiro – se bem que na realidade isso era claramente coisa de alguma importância para ele. É interessante que a solicitação tem um caráter mais geralmente cristão (não coisa que tenha dispensado explicação naquela época, dada a força do divisor católico-protestante). O mais significante de tudo é que tende a sugerir que os bispos alemães (ou pelo menos alguns deles) estavam mantendo o papa bem informado sobre a condição dos judeus ou estavam cientes de que sabia sobre a situação judaica no Império Alemão.
  28. ADSS, 9, n.° 82, p. 170. Veja também nota 9, ADSS, 2, n.° 105, p. 323.
  29. ADSS, 2, n.° 105, pp. 318-327.
  30. 30] ADSS, 3, n.° 510, p. 801; 7 n.° 225, p. 396-400. Isso também é mencionado em ADSS, 9, n.° 213, p. 327.
  31.  
  32. ADSS, 8, n.° 496, pp. 669-70. Em particular, veja nota 4.
  33. Sergio Minerbi, "Pius XII: A Reappraisal", ensaio apresentado ao simpósio "Memories, Intertwined and Divergent: Pius XII and the Holocaust", Kings College, Wilkes Barrem Pennsylvania, 9-11 de abril de 2000.
  34. ADSS, 8, n.° 374, p. 534.
  35. ADSS, 8, n.° 454, pp. 625-7; n.° 463, pp. 635-6; n.°468, pp.638-40, p.658.
  36. New York Times, September 10, 1942, p. 7, 8, 9.
  37. ADSS, 3.2, n.° 497, p. 781.
  38. Além disso Papée está em dia quando diz que não todos os seus memorandos aparecem nos volumes dos ADSS. O quê contém as outras cartas dele? Seria importante conhecer os conteúdos desses comunicados, para entender melhor a questão polonesa.
  39. Por exemplo, veja ADSS, 10, n.° 165, p. 239-42; n.° 463, p. 554.
  40. ADSS, 10, n.° 40, p. 115.
  41. Por exemplo, veja ADSS, 10, n.° 127, p. 198; n.° 249, p. 341, n.° 254, p. 342, n.1; n.° 260, p. 347; n.° 270, p. 357, n. 3; n.° 237, p. 359; n.° 295, p. 378.
  42. ADSS, 10, n.° 53, p. 129.
  43. ADSS, 10, n.° 153, pp. 224-29; n.° 172, p. 247-49.
  44. Veja as atividades de Rotta, descritas em ADSS 10.
  45. ADSS, 10, n.° 408, p. 497.
  46. A própria Stein descreve a sua carta, declarando: "Sei que a minha carta foi selada quando foi entregue ao Santo Padre um pouco mais tarde, recebi mesmo a sua benção para mim e os meus queridos. Mas mais nada veio dela depois. Não é possível que recordou essa carta em várias ocasiões mais tarde? Meus receios referente ao futuro dos católicos alemães realizaram-se gradualmente no decorrer dos anos que seguiram." – "Je sais que ma lettre était cachetée quand elle a été remise au Saint-Père; quelque temps plus tard, j’ai même reçu sa bénédiction pour moi-même et mes proches. Mais il n’en est rien sorti de plus. Est-il impossible que cette lettre lui soit plusieurs fois revenue à l’esprit par la suit? Mes appréhensions en ce que concerne l’avenir des catholiques allemands se sont progressivement verifiés au cours des années suivants." Notas de Edith Stein citadas por Teresia Renata de Spiritu Sancto, Edith Stein, Nuremberga, Glock und Lutz, 1952.
  47. Veja ADSS 8.
  48. ADSS, 8, n.° 314, p. 466. O memorando está reimpresso em John Morley, Vatican Diplomacy and the Jews during the Holocaust 1939-1943 (Nova York KTAV, 1980), Apêndice B, 212. Como Riegner nota, esse importante documento não foi incluído nos ADSS, somente a carta de transmissão por Bernardini. Veja Gerhart Riegner, "Observations on the Published Vatican Archival Material", ensaio não publicado, 5 de dezembro de1999, pp. 9-10. "Considero a omissão [desse documento do dia 18 de março] e da carta, que o acompanha, de apelo ao Vaticano, na documentação Vaticana uma falta séria", escreve Riegner. "Teria mostrado que importantes organizações judaicas chamaram a atenção do Vaticano já num estágio inicial da aplicação da solução final (seis semanas depois da assim chamada Conferência de Wansee) para a trágica situação da Judiaria européia." Ibid. 10.
  49. "La Santa Sede non ha mai approvato il projetto di far della Palestine una home ebraica... La Palstine è ormai più sacra per i cattolici che ... per i ebrei." – "A Santa Sé nunca aprovou o projeto de fazer da Palestina uma pátria judaica... A Palestina está agora mais sagrada para os católicos do que...para judeus." ADSS, 9, n.° 84, p. 184.
  50. ADSS, 9, n.° 324, p. 469.
  51. ADSS, 9, n.° 91, p. 182.
  52. ADSS, 10, n.° 29, pp. 92-4.
  53. ADSS, 6, n.° 134, p. 222.
  54. ADSS, 5, n.° 189, pp. 361-2.
  55. Veja Ricard Lukas, Forgotten Holocaust: the Poles Under German Occupation 1939-1944 (Lexington1986) p. 16.
  56. Um dos muitos exemplos aparece em ADSS, 8, n.° 441, p. 611, no qual o Rábi chefe de Zagreb apela ao papa por ajuda. Veja também a resposta de Maglione numa nota de pé a essa carta, na qual diz que a Santa Sé "não negligenciava de se envolver... a favor das pessoas recomendadas" (611-612).
  57. Por exemplo, numa carta ao bispo de Würzburg, Matthias Ehrenfried, em 20 de fevereiro de 1941, Pio escreve: "Aí onde o papa gostaria de gritar, está forçado a esperar e manter-se calado, onde queria agir e ajudar, tem de esperar paciente..." ADSS, 2, n.° 66, p. 201; e numa carta ao arcebispo de Colônia (Köln), Joseph Frings, em 3 de março de 1944, Pio escreve: "É dolorosamente difícil decidir se reter-se e calar-se prudente, ou fala franca e ação forte são exigidas." (ADSS, 2, n.° 119, p. 365).
  58. Numa passagem do diário de Roncalli referente à audiência com Pio XII em 10 de outubro de 1941, Roncalli escreve que o papa "Si diffuse a dirmi della sua largheza di tratto coi Germani che vengono a visitarlo. Mi chiese se il suo silenzio circa il contegno del nazismo non è giudicato male". – Difundiu-se me falando da sua largueza no trato com os alemães que o vieram visitando. Perguntou-me se o seu silêncio sobre o comportamento do nazismo não é julgado mal." - Veja Alberto Melloni, Fra Istanbul, Atene e la guerra. La missione i A. G. Roncalli (1935-1944), p. 240.
  59. Blet, Pius XII and the Second World War, p. xiii.
 
 

Tradução: Pedro von Werden SJ - English"top