Israel: Estado – país – povo
A Igreja Evangélica do Palatinado publica série de teses
na sessão do círculo de trabalho “Igreja e Judaísmo” em 6 de setembro de 2006
- Parte I: Aspetos históricos e políticos
Tese 1: Resolução de partilha e fundação de estado
Tese 2: O direito de existência de Israel
Tese 3: A opção para um Estado de Palestinenses
Tese 4: O equilíbrio internacional das forças
Tese 5: Israel como centro do Judaísmo do mundo inteiro
Tese 6: A nossa responsabilidade por Israel como alemães
Tese 7: A nossa responsabilidade por Israel e a Igreja
Tese 8: A nossa solidariedade com os cristãos em Israel e Palestina
- Parte II: Aspetos teológicos
Tese 9: A promissão de terra bíblica
Tese 10: A terra como dádiva permanente de aliança
Tese 11: O Estado de Israel como “indicação de Deus”
Tese 12: Contra a profanização da história de Israel
Tese 13: Contra uma amizade fundamentalista-biblicista a Israel
Tese 14: Distinguir história e agir de Deus sem os separar
Tese 15: Perspectivas úteis para a vida na terra
Tese 16: Contra a instrumentalização da Bíblia para fins políticos
Tese 17: O encargo comum de Igreja e Israel
Parte I: Aspetos históricos e políticos
Tese 1: Resolução de partilha e fundação de estado
A resolução da assembléia plenária das Nações Unidas de 29/11/1947, segundo a qual a região do mandato britânico Palestina deva ser partida em dois estados, representa uma base indubitável de direito dos povos para a fundação do Estado de Israel, a qual sucedeu em 14/4/1948.
Para trás dos dois fatos não há mais uma volta hoje. Deveriam também no futuro representar o fundamento irremovível de qualquer discurso político.
Tese 2: O direito de existência de Israel
Depois da história de perseguição pelo fim do século 19 e do século 20, ao Estado de Israel compete uma significância importante como “caixa de proteção” (Martin Stöhr: Schutzgehäuse), a qual está aberta a todas as judias e judeus da diáspora a qualquer tempo.
A sua existência em limites reconhecidos pelo direito internacional não deve ser posta em dúvida – nem politicamente nem por força de armas.
Tese 3: A opção para um Estado de Palestinenses
A resolução de partilha das Nações Unidas continha também a opção de um Estado de Palestinenses que ainda não foi realizada por razões diversas.
O seu estabelecimento, porém, é hoje a pressuposição indispensável para uma solução pacífica no Médio Oriente. A isso pertence uma negociação de acordo das áreas dos estados entre os dois lados.
Tese 4: O equilíbrio internacional das forças
A percepção do conflito no Médio Oriente não deve ser estreitada nos dois partidos Israel e Palestinenses. Antes, precisa ser exigida uma cooperação construtiva dos estados árabes vizinhos e dos poderes políticos que agem de fora para dentro da região (EUA, EU [União Européia], Rússia).
Um entendimento entre Israel e os palestinenses não é realista senão no quadro duma pacificação da região inteira. Nisso não devem ser omitidas nem as reivindicações legítimas dos israelenses para uma existência reconhecida pelos vizinhos sem ser ameaçada por violência terrorista nem aquelas dos palestinenses a um estado viável próprio.
Tese 5: Israel como centro do Judaísmo do mundo inteiro
Israel é o único país no mundo em que a maioria de população é judaica. A ele compete uma importância especial como centro espiritual da religião, história, cultura, língua e ciência judaicas.
Esse aspecto está sendo acentuado de judias e judeus, não somente religiosos, mas também seculares, os quais se vêem numa grande comunidade de destino. É importante perceber esse consenso intra-judaico amplo.
Tese 6: A nossa responsabilidade por Israel como alemães
Uma Alemanha que se entende como comprometida a tradições livres-democráticas tem, na base do genocídio no Judaísmo europeu uma responsabilidade para a existência do Estado de Israel e do direito a viver das suas pessoas humanas.
Isso obriga a Alemanha concretamente no seu agir na política exterior de se pôr, nos tempos de ameação exterior ou interior de Israel, ao lado deste. Mas também em vista à nossa própria sociedade devemos, no nosso trabalho de formação e educação, manter uma memória fiel à verdade da Shoáh, fortalecer um engajamento amplo contra anti-semitismo e racismo, bem como nos opor a uma apresentação unilateral ou ideologicamente destorcida de Israel e do conflito no Médio Oriente.
Tese 7: A nossa responsabilidade por Israel e a Igreja
Também a nossa Igreja tem, pela sua co-culpa na inimizade e perseguição aos judeus, antes de tudo no tempo do Nacional-Socialismo, uma responsabilidade especial por Israel.
A nossa solidariedade com Israel pode ser expressada de modos múltiplos: seja por viagens de estudo, parcerias e encontros cristãos-judaicos, mas também por projetos a longo prazo como Nes Ammim ou o trabalho da Aktion Sühnezeichen [Ação Sinal de Penitência].
Solidariedade com Israel significa também de se arranjar, nas relações múltiplas de trabalho eclesial, com a situação política no Médio Oriente, sem preconceitos e criticamente. Nisso, o Estado de Israel tem direito de ser medido com a mesma medida étnico-política como os demais estados.
Tese 8: A nossa solidariedade com os cristãos em Israel e Palestina
A nossa Igreja apóia todas as forças na região as quais intervêm por uma coexistência pacífica e justa e que se empenham para contra brutalidade, para estado de direito e direitos humanos, bem como para superação de imagens de inimigo. Ela se entende especialmente ligada com as nossas Igrejas irmãs na Terra Santa, as quais representam as minorias cristãs em Israel como na Palestina.
Exatamente essa conexão dupla com judeus e cristãos em Israel e Palestina por cima das linhas de conflito políticas deve ser mantida e vivida e responsabilizada face à cara do outro lado.
Parte II: Aspetos teológicos
Tese 9: A promissão de terra bíblica
A volta de judeus a Israel pode ser vista retamente na luz de promissão de terra bíblica ao povo Israel (1Moisés 12,7; Js 1,1-6 e em vários outros lugares) e a sua esperança por um fim do exílio. Essa tradição antigotestamentária permanece, também na percepção cristã, uma promissão bíblica válida de Deus.
Entendemos o assunto “Terra e povo de Israel” como chance de concretizar o nosso refletir sobre Deus – o Seu escolher e chamar, as Suas conclusões de aliança e promissões – de concretizar no espaço e tempo.
Tese 10: A terra como dádiva permanente de aliança
A “terra” está, também segundo o testemunho permanente do Novo Testamento, dádiva permanente a Israel. Pela confissão ao judeu Jesus de Nazaré, que prometeu aos “mansos” que “herdassem a terra” (Mt 5,5), também nós cristãs e cristãos estamos remetidos à terra de Israel como ponto de referência geográfica da nossa fé.
Também quando judias e judeus usavam a “terra” como imagem para a sua comunhão permanente com Deus desvelaram, com isso, a sua ânsia pela terra real. Quando cristãs e cristãos, a seguir a tendências semelhantes falam plasticamente de “terra” (assim já no Novo Testamento, p.ex. Gl 4,26; Hb 11,14-16), não devem também eles não perder de vista a relação à terra real de Israel.
Tese 11: O Estado de Israel como “indicação de Deus”
Junto com muitas judias e judeus religiosos, vimos o recolhimento do povo de Israel na “terra dos pais” e o estabelecimento do Estado de Israel como “indicação de Deus”. Cremos que Deus, apesar de todos os perigos e catástrofes na história, especialmente da Shoáh, ficou fiel ao Seu povo e o está ainda (Zc 2,12; Rm 9,1-5; 11,1).
Igualmente como a terra, também o Estado de Israel deve ser levado a sério como grandeza histórica, a qual está para ser posta positivamente em relação à fé cristã.
Tese 12: Contra a profanização da história de Israel
Contradizemos ao pensar de muitas cristãs e cristãos os quais, na volta reforçada de judias e judeus a Israel, vêem somente um acontecimento da história do mundo profana sem qualquer significado teológico, e que querem a temática da terra somente ao nível da política real.
Quem assim separar a realidade política da teológica de Israel, afasta com isso Deus da história, ficando então indeterminado o que significa que o Deus de Israel e Pai de Jesus Cristo é o dono da história e nela age. Essa posição tem dificuldade com o pensar histórico do Antigo Testamento e não pode ver este senão um como modelo fracassado e a ser superado.
Tese 13: Contra uma amizade fundamentalista-biblicista a Israel
Contradizemos também a uma contemplação fundamentalista-biblicista, que está presa a um esquema apocalíptico de tempo final e vê no estado Israel novamente nascido um sinal da volta iminente de Cristo.
Embora as promissões antigotestamentárias de terra estejam aqui sendo levadas a sério, as conseqüências políticas, porém, derivadas delas são muitas vezes tão alheias à realidade e nefastas como a expectativa que vem junto de que antes da volta de Cristo “um resto de Israel” se iria voltar a Cristo, enquanto os demais judeus se perderiam.
Tese 14: Distinguir história e agir de Deus sem os separar
Entre ambos os extremos (teses 12+13) conduz um caminho o qual – muitas vezes contra a aparência – vê também hoje Deus agindo em Israel, sem identificar a vontade de Deus simplesmente com o estado de Israel, do governo deste ou determinadas ações políticas.
Essa posição assume a promissão bíblica de terra, constatando, porém, ao mesmo tempo um “excesso” dessa promissão perante o acontecimento histórico de imigração e fundação de estado. Leva a sério a escolha permanente de Israel para bênção para todos os povos e o seu destino. Deixa nisso espaço para soluções orientadas em dados pragmáticos da política real referentes à questão da repartição da terra entre israelenses e palestinenses.
Tese 15: Perspectivas úteis para a vida na terra
A Bíblia contém uma abundância de orientações que dão à mão perspectivas benéficas para a terra e todos que nela habitam (Dt 27,1-3; Jr 7,5-7).
Direito e justiça, as duas grandes perspectivas guias do etos antigotestamentário, devem ser promovidas para se manifestar. Isso inclui conceder a todas e todos habitantes do país as possibilidades de vida e participação que lhes pertencem e respeitar e proteger a sua dignidade humana fundada na semelhança com Deus.
Tese 16: Contra a instrumentalização da Bíblia para fins políticos
Além dessas perspectivas que servem para viver, há tradições bíblicas problemáticas, as quais p.ex. falam de guerras em nome de Deus e dum extermínio dos povos (Js 1,13-15; Ex 17,14). Contra isso insistimos em que “guerra não deve ter segundo a vontade de Deus”.
Qualquer instrumentalização da Bíblia para fins políticos é para ser recusada. Em geral, contradizemos a qualquer uso de religião como arma, para fazer sobressair imagens de inimigo, bem como para agravamento em vez de desaguçamento de conflitos.
Tese 17: O encargo comum de Igreja e Israel